Se não houver amanhã

elenara elegante

Duas mulheres morreram incendiadas em um acidente.

Quando eu vi a fumaça ao longe, não sabia que duas mulheres tinham sofrido um acidente e morrido, tentando combate-lo de dentro do carro, sem conseguir sair.

Era apenas uma fumaça ao longe. Um estranhamento. Algo fora da rotina.

Também vejo fumaças aqui e ali e são estranhamentos. Uns morrem tentando fugir de invasores. Outros morrem de doenças evitáveis. Muitos morrem por falta de dinheiro. Mas isso já é rotina nesse mundo cada dia mais estranho.

Pessoas jogam bombas em outras pessoas em um metrô em uma metrópole enquanto os senhores da guerra tramam jogadas que vão encher de poder uns e enriquecer outros tantos que vão reconstruir o que foi destruído. 

Enquanto isso morrem pessoas e sonhos. Crianças choram. Outros não conseguem deter o fogo de dentro de um carro. Ou de si mesmas.

O mundo cada dia mais violente. O sol nasce como todo dia. Há enchentes e cataclismos. Mas também há pores do sol e namorados continuam a se apaixonar como se não houvesse amanhã.

Endurecemos. Alguns com ajuda de farmacêuticas, custeados por todos. Outros pela lida diária em uma realidade onde ninguém lhe custeia nada. E ainda rouba seus sonhos. 

Somos birrentos, alguns, e não nos entregamos. Mesmo que a vitória seja algo longe da redenção e mais perto da teimosia.

E continuamos amando até porque não sabemos o que nos espera na próxima esquina. 

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