Maritacas namoram na minha janela

 

Foto Elenara Stein Leitão

Mais uma vez segunda feira e acordo com nuvens negras e muito barulho da natureza trovejando. Em meio ao prenuncio de tempestades, também ouço o som estridente de um bando de aves que voam em bando nesta época do ano. Especialmente quando chove, elas saem de antena em antena, de galho em galho, alegremente bradando a força de sua natureza. Sempre as chamei de caturritas porque são verdes.

Mas, como tudo na vida, também a natureza não é feita de generalizações e sim de especificidades. Não sou expert em aves, apenas adoro vê-las e fotografa-las. Pelas minhas andanças no google, as mais parecidas com o bando que me acorda faceiro são as chamadas maritacas.

Nunca tinha ouvido falar nesse nome. Mas pelo que li são aves gregárias e que gritam muito ao voar. As vejo de minha janela. Anos após ano. Voam faceiras, fazem malabarismos. E namoram.

Existe algo mais renovador que namorar? Não falo apenas de transar, embora seja muito bom. Falo do floreio, da conquista, do olhar brilhando porque hoje sim. Ou talvez. Mesmo o talvez é carregado de emoção em um namoro gostoso.

Os gritos do bando se transvestem em cantos ou palavras. Se serenatas não mais fazemos ou escutamos, as conversas se traduzem em jogos de sedução e encantamento. Somos fortes e frágeis quando enamorados. Mostramos nosso melhor lado. Ficamos iluminados.

E dramáticos. Porque de dramas é feita a vida que se desdobra em forças  loucas e belas no mundo que nos rodeia.

A chuva vem chegando. Trovões e raios cruzam os céus. A cidade amanhece em ônibus, carros e pessoas apressadas. E as maritacas continuam namorando na minha janela.

Foto: Elenara Stein Leitão


Comentários

  1. Lindo o texto, tem graça que passam ao fim da tarde em voo de grupos para sua casinha dentro das árvores mais abaixo da minha janela. Lindo demais

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    1. Todos os anos elas sinalizam a primavera que chega e me acordam com o seu canto de voo! Adoro! Amei teu comentário! Obrigada

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