Vivi vidas em casulos Ninhos de solidões e aconchego mistura de abrigo e esconderijo A maturidade me trouxe voos Os desafios de enfrentar medos escusos De repente tudo iluminado como se caminhar fosse a sina aprendida em tenebrosas lições passadas Passadas Vida que se renova em emoções lições traições renovAÇÕES
Imersa na releitura de Tudo por Amor de bell hooks me deparo com um trecho de uma carta não enviada para um dos seus amores verdadeiros. Vários sinais piscaram no meu cérebro e coração: cartas não enviadas, conheço e muito. São várias em minha vida, principalmente em um tempo onde a comunicação de sentimentos se escondia sob toneladas de proteções, muitas baseadas em achismos e carências. Amores verdadeiros é outro termo que demorei para entender o real significado. Confundia os amores possíveis com os verdadeiros. Confundia vontades minhas com a reciprocidade. Confundia defesa interna com falta de amor externo. Tantas confusões que marcaram minha vida e me fizeram também essa eu de agora. O trecho da carta de bell hooks dizia: "Somos muito mais capazes de abraçar a perda de pessoas íntimas que amamos ou de amigos quando sabemos que demos a eles tudo o que podíamos – quando compartilhamos com eles o reconhecimento mútuo e o pertencimento no amor que a morte jamais po...
Era dia de qualquer hora e ela mesma, mulher de qualquer momento. Nem sabia mais que idade tinha ou qual era a motivação que fazia seus dias diferentes da mesmice de qualquer tempo. O tempo corria célere. Isso ela sabia. Ainda ontem era dia de brincar de roda. Vestida de baiana, balangandã na cabeça saia dançando como se o amanhã não existisse. Existia. Hoje vivia o amanhã. Seu corpo doía. Sua alma sentia uma solidão difícil de explicar. Era dela mesma que sentia falta. Era dia de qualquer momento e ela mesma, mulher de qualquer hora. Seu documento gritava uma dezena de anos que não lhe pesavam por os ter vivido. O peso vinha quando pensava que o tempo que restava era bem mais curto. Talvez, com sorte, a metade. E já sabia da ligeireza das horas. Vestida de banalidades, bebia água que nem era mais cristalina, e sabia a aromas de campo. Tinha gosto de alecrim. Cheiro de canela. Sorria. Ouvia Paralamas, quase um segredo e pensava sim. Expectava o que viria a seguir. Seria tempo de ...
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