Tinha nove dedos de prosa para gastar no balcão. Usou seis que era econômica desde menina Guardou três de precavida porque nunca se sabe Vai que precise Calou vinte horas angustiadas A cada domingo Mil e quinhentos domingos sonolentos e sofridos Fora dos anos bissextos Gritou sete minutos contados Alguns calados Mas estes nem contavam O bom eram os gritos de selva Rugidos de fera Gravados com raiva uterina Mirou vinte e nove olhares sábados Molhou e aguou enchentes de prazer Urrou gozos milenares Deusa perdida que sempre se soube achar
O calor me mata. Não gosto dos extremos. Meu mundo se encanta com as harmonias. Calo de arquiteta? Talvez tenha sido refinado, mas minhas memórias me lembram que sempre fui uma pessoa observadora e crítica dos excessos. Saber conciliar os saberes internos com as expectativas externas é um dos meus desafios nesta vida. Meu espírito parece um pêndulo oscilando entre emoção e razão. Pobre coração... Tão carente de emoção... Tão escravo da razão Minhocas a parte, estamos no décimo dia do segundo mês do calendário gregoriano. A Terra continua girando nos céus em viagem à uma constelação que nem lembro nome, nem tenho certeza que é uma constelação. Já não tenho certeza de nada. Observo. No meio de um universo em expansão, uma minúscula poeira cósmica, eu e meus neurônios ainda nos vemos como o centro de um mundo que está pouco se lixando para a existência humana. Um dia vou morrer. Nós todos. Somos finitos assim como a poeira cósmica onde vivemos. Tudo é finito dentro da infinitude. Conversa...
Traço rotas pelo teu corpo São cheiros/toques/murmúrios Tua caneta me penetra Com certeira precisão Nas páginas abertas do meu sentir Juntos, escrevemos risos Suamos e aguamos desejos Letras vivas de histórias Memórias concretas de futuros Inenarráveis Somos renovados e o amor Se instala posseiro e passeante Numa brincadeira desbragada De delírios e embates amorosos Fecho o livro que escrevemos juntos Tua caneta e minhas páginas Se tornam promessas de mais fazer
Comentários
Postar um comentário