Upload - dinheiro é o preço do amanhã?
Nesses novos tempos de buscar a vida pelos meios virtuais, impossível não pensar nas complexas relações que os modernos meios tecnológicos nos permitem. Podemos não apenas interagir com outras pessoas, como abastecer a casa, trabalhar e ate amar pelas telas das realidades digitais.
Imagine então se essas possibilidades se estendessem além da vida. É o tema da série de ficção da Amazon Prime chamada Upload. Passando em um futuro próximo, 2033, onde as pessoas podem, se tiverem meios financeiros, transferir seus dados de sua cabeça para um servidor. Ou seja, fazer um upload de sua consciência para um avatar criado digitalmente e viver eternamente em belos espaços de consumo, deleite e avaliações. Uma vida pós vida que em tudo se assemelha à real.
Parece um perfeito paraíso onde as necessidades são satisfeitas com um apertar de botoes. Mas o que há por trás disso? Qual o preço real a pagar?
Fique tranquilo, não darei spoilers, mas direi que ver essa série me lembrou um filme chamado "O Preço do Amanhã", também uma ficção passada em um futuro próximo. Nela, o poder financeiro compra não apenas aparência eternamente jovem, as pessoas param de envelhecer aos vinte e cinco anos, como permite possuir o maior de todos os bens que o dinheiro pode comprar: tempo de vida.
Entre a possibilidade de vida eterna depois da morte e juventude eterna na vida, temos uma interessante reflexão sobre as relações de poder em nossa sociedade real. Nas duas histórias é nítida a separação entre os que detém o poder financeiro e, consequentemente, as rédeas do jogo e os que nada possuem. Ou possuem apenas o necessário para a sobrevivência. O que não é o mesmo, mas é igual, como diria Chico Buarque na canção.
É aqui neste mundo que vivemos, aonde vamos morrer, que muitos literalmente se engalfinham para ganhar dinheiro e, com ele o poder de tentar iludir o tempo. Seja pagando por uma aparência mais jovem, seja adquirindo uma vida saudável como a de comercial de produtos fit, seja enganando a morte da maneira mais astuta possível. Aos outros, aos que nada ou pouco possuem, resta ser o figurante do espetáculo, o que vai ajudar a engrenagem a se movimentar, o que vai mendigar o tempo de viver e morrer.
Nos resta então a questão vital. Se como disse Mark Twain, a falta de dinheiro é raiz de todos os males”, o preço que pagamos para ter acesso a ele, vai nos garantir exatamente o quê?
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