Angústias da CTI que já vivi
O barulho dos aparelhos que mantém um ser amado à vida em uma UTI são inolvidáveis. Assim como a sirene da ambulância que cruza a cidade em uma corrida de vida e morte.
Já passei por isso. A angústia de noites esperando e temendo uma ligação. Esperar boletins médicos com a sofreguidão das decisões. Ver aquela pessoa tão querida, imóvel em uma cama, toda amarrada por fios e aparelhos, com tubos que respiram por ele.
Aprender a conhecer cada bip, cada remédio, cada sinal dos batimentos.
Aguardar nas salas de espera, uma pós graduação de vida de verdade. Compartilhar com gente que não se conhece a mesma esperança sofrida que se renova ou esgota a cada visita.
Fazer fila na porta, aguardar o sinal verde e percorrer passo a passo em direção ao leito, sem saber o que esperar. Aprender a viver cada dia. Cada movimento de olho, suspiro, respiro. Cada olhar e fisionomia das equipes médicas.
Segurar na mão da pessoa sedada. Falar com ela, sem saber se nos escuta. Lutar junto. Rezar. Dar passes. Acalmar suas preocupações (as contas, como estão todos, vai ficar tudo bem).
Amar. Junto.
Viver cada dia.
Vivi isso por meses. Três visitas por dia.
Fomos dos 10% que saem com vida. Da primeira vez.
Da segunda foi tudo de novo. Esperança e medo. Um sinal de vida, outro de partida.
Até que se foi. Consegui me despedir, mas até hoje me culpo por não ter estado ao lado no momento final.
Agora imagine passar por isso sem poder falar, sem poder acompanhar. Saber que seu amado, sua amada,seu filho, sua avó, estão passando por todos esses momentos de dor, sem que ouçam nossa voz. Sem que se saibam amados, queridos. Quem vai resgatar a vontade de lutar dentro deles? Quem vai estar junto para lhes dizer o quanto são importantes e amados?
Não quero que ninguém passe por isso. É absurdamente dolorido para os de fora. Não posso dimensionar o que seja para os que estão lá.
Se cuidem. Respeitem o isolamento social, mesmo que tenha que trabalhar. Não é o momento de confraternizar ao sol, em rodas de chimarrão ou festas barulhentas.
A vida vai continuar. Exatamente para que continue bonita para muitos, pense não apenas em si. Pense nos doentes, nas equipes médicas, em todos que são importantes para alguém.
E se puder #fiqueemcasa
Já passei por isso. A angústia de noites esperando e temendo uma ligação. Esperar boletins médicos com a sofreguidão das decisões. Ver aquela pessoa tão querida, imóvel em uma cama, toda amarrada por fios e aparelhos, com tubos que respiram por ele.
Aprender a conhecer cada bip, cada remédio, cada sinal dos batimentos.
Aguardar nas salas de espera, uma pós graduação de vida de verdade. Compartilhar com gente que não se conhece a mesma esperança sofrida que se renova ou esgota a cada visita.
Fazer fila na porta, aguardar o sinal verde e percorrer passo a passo em direção ao leito, sem saber o que esperar. Aprender a viver cada dia. Cada movimento de olho, suspiro, respiro. Cada olhar e fisionomia das equipes médicas.
Segurar na mão da pessoa sedada. Falar com ela, sem saber se nos escuta. Lutar junto. Rezar. Dar passes. Acalmar suas preocupações (as contas, como estão todos, vai ficar tudo bem).
Amar. Junto.
Viver cada dia.
Vivi isso por meses. Três visitas por dia.
Fomos dos 10% que saem com vida. Da primeira vez.
Da segunda foi tudo de novo. Esperança e medo. Um sinal de vida, outro de partida.
Até que se foi. Consegui me despedir, mas até hoje me culpo por não ter estado ao lado no momento final.
Agora imagine passar por isso sem poder falar, sem poder acompanhar. Saber que seu amado, sua amada,seu filho, sua avó, estão passando por todos esses momentos de dor, sem que ouçam nossa voz. Sem que se saibam amados, queridos. Quem vai resgatar a vontade de lutar dentro deles? Quem vai estar junto para lhes dizer o quanto são importantes e amados?
Não quero que ninguém passe por isso. É absurdamente dolorido para os de fora. Não posso dimensionar o que seja para os que estão lá.
Se cuidem. Respeitem o isolamento social, mesmo que tenha que trabalhar. Não é o momento de confraternizar ao sol, em rodas de chimarrão ou festas barulhentas.
A vida vai continuar. Exatamente para que continue bonita para muitos, pense não apenas em si. Pense nos doentes, nas equipes médicas, em todos que são importantes para alguém.
E se puder #fiqueemcasa
Se sentir desarmado, impotente perante a morte é um sensação horrível. Já passei por isso tb com a morte dos meus pais. Até hoje tenho na lembrança o olhar de cada um deles se despedindo. Terrível!!!
ResponderExcluirSão experiencias marcantes e doloridas. Tive com o pai uma vivencia quase mística quandl consegui me despedir e deixar que ele partisse. Vi uma luz que nao posso explicar...mas ainda dói essa separacao. Beijos
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