Do amor e suas agruras

Ela queria o oculto, o imponderável,
o incomensurável, e procurava 
no olhar do outro o caminho
(adriana mayrinck)

Fico aqui pensando que amar deveria ser simples
todos nascemos com ânsias e vontades
em algum momento fomos intensamente desejados
Mais até - únicos
Fomos o sonho de vida de alguém que nos gestou
somos o resultado de carnes, gemidos e ímpetos
mas a medida que crescemos
que  nossas bobagens de crianças deixam de ter a graça
que pareciam ter para nossos pais
ou avós, ou tios, ou quem quer que nos aplaudisse
somos tomados pela ausência de
alguns poucos conseguem essa luz lá dentro
outros tantos precisam de um olhar, uma voz
um outro que nos diga: és especial!
Esta especialidade se nos afigura
de tantas formas
Disfarces
um corpo bonito
uma voz especial
um cruzar de olhos
uma admiração
qualquer sinal nos basta para abrir o sinal verde
da esperança, aquele pássaro azul que voa faceiro
e nos enche de tesão
mas nem sempre
nem quando
nem tanto
e vem a inquietude
como assim?
somos crianças bobas pegas em traje de festa no meio da folia
dos outros
ficamos no canto
não somos escolhidos
não somos os especiais
até mesmo Deus duvida canta a música
enquanto bebemos em mesas vazias
ou acariciamos outros corpos 
mas não aquele
não mais
nunca
tantas caras, tantas respostas
o amor corre ligeiro
se afasta de nós
que nunca percebemos
que a cada manhã ele nos espera
ao olharmos nossa face refletida no espelho

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