Sonhos de miragem



Um a um foi ticando os sonhos não realizados
As viagens que não fez 
Os amores que não vingaram
Humores esquecidos
Fluídos
Sementes jogadas ao breu
Nuvens, furta cor, formando desenhos
O estomago chorando de falta
A falta
A falta
A falta
Doída  falta
O cachorro destroçado 
falta de liberdade
bandeira rota
falta de diálogo 

De vez em quando escrevo algo e deixo no limbo das caixas de rascunho. Nem sempre volto para olhar. Às vezes sim. Hoje, por exemplo.

Não sei bem como estava quando escrevi isso. Não muito bem, acho. Dificilmente a gente escreve em dias felizes. É como final de folhetim, o foram felizes até quando der antecede ao fim. E deixa o gosto de que todo aquele amor será possível daquela forma. Nem todo. Nem sempre.

Algumas vezes sim, os sonhos de miragem, se fazem realidade. E aí a gente, se inteligente, não pára para descrever. A gente vive. Vive da melhor forma. Convive. Troca. Explode de emoção. Chora de alegria.

As outras lágrimas, as de raiva, de frustração, de tristeza e cansaço, essas a gente extravasa em palavras. Cria contos, forma sentidos como as nuvens que formam desenhos no céu. Ao léu. Ao breu.

Nem sempre a vida faz sentido. Na maior parte das vezes não. Mas quando faz é como mágica onde nossas forças se encaixam em harmonia e sentimos a fortaleza das certezas. Mesmo que por instantes.

A voz que chama por pessoas que já foram. A idade que teima em apagar da mente um presente sem sentido. O fim. E a gente que nem chegou ainda lá vai apagando devagarinho, chama por chama, fica velinha miúda tentando fazer de conta que a vida ainda tem algum sentido. Vai ver que tem e nos falta coragem. Vai ver que tudo no final não carecia de precisão, apenas de sentimentos. Fossem de explosão, fossem apenas miragens a nos acenar de algum ponto perdido no universo.




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