Coisas que aprendi quando já era tarde demais

Será que existe um tempo certo para aprender a viver? Tudo bem que tem coisas que a gente deve vivenciar como crianças. Outras tantas, desafiantes e conflitantes, povoam nossa adolescência. E assim vão indo nossas rotas de aprendizagens. Quantas vezes nos pegamos pensando que "se soubesse isso dez anos atrás, que mais simples teria sido minha vida". 

Seria fantástico ter conseguido absorver por osmose as experiências que nossos pais, desesperadamente, tentavam nos passar.

Mas eram experiências deles, passando pelo filtro de suas emoções e percepções. Embora carreguemos seus DNAs, somos diferentes de nossos antepassados. E que bom que assim seja!

Se fossemos cópias clonadas, o mundo não teria evoluído. 

Então que graça tem falar de coisas que aprendi depois de ter vivido que não devia ter feito?

Para passar um testemunho que leve outras pessoas (e mesmo a nós) por uma reflexão dos caminhos da vida. A receita que serve para mim, nem sempre serve para você.

Dito isso, vamos ao cerne da questão:

Aprendi em essência que deveria ser bem menos crítica comigo. E poderia parar por aqui essa crônica de auto-análise se não fosse o medo de decepcionar quem me lê. O que mostra que ainda hoje não aprendi a lição.

Aprendi que devia ter sido mais ousada quando o coração apontava um rumo. Pensando bem, eu fui em muitas vezes e a maldita lição primeira me brecou ou me fez ter sentimentos de culpa.

Teria menos sentimentos de culpa. Não, não aprendi a fazer isso, mas deveria. Quem conseguiu, passe a fórmula, por favor.

Aprendi que mais vale um sorriso e uma palavra dita na hora certa, com tom amigável e despida de vieses extras do que o orgulho de achar que tenho razão. Acho que sim, aprendi a ser menos maniqueísta. Isso foi muito bom. Menos radical nas certezas, me tornei mais filosófica nas dúvidas.

Leria mais. Leria bons autores. Aprofundaria meus questionamentos. Iria ao fundo do abismo do conhecimento. Não tentaria saber tudo, mas tentaria sim ter mais base sobre assuntos que hoje tangencio.

Riria mais. Pegaria mais sol. Conversaria mais. Beijaria igual que minha seletividade sempre foi sábia. Mas me entregaria mais ao amor quando ele chegasse. Confiaria mais nos meus instintos e menos nas minhas paranoias.

Estou ainda tentando aprender que as pessoas não são perigosas e encararia mais meus medos delas. Seria menos analítica nos meus processos de terapia e procuraria de verdade curar meus receios.

Seria mais egoísta nos assuntos materiais e menos confiante nos pessoais. Menos boazinha com os outros e mais segura comigo.

E principalmente, não negaria a me deixar conhecer pelo mundo. 

Escreveria mais, sem medo de expor ao vento pensamentos e emoções. Acreditaria mais nos meus instintos. E seria sem dúvida mais perseverante em caminhar pela vida sem tentar ser brilhante ou excepcional. Seria apenas normal. Eu. Comigo.

Não é tarde para refazer coisas ou rumos. Nunca é tarde demais. Os caminhos que trilhei não voltam, mas a eu de hoje é o somatório de tudo o que também não fiz.

Apostaria mais em viver. 

E você? O que tem aprendido pela vida ? 


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