Recomeçando

Recomeçar. E recomeçar de novo. 1943234160 segundos desde que os abriu pela primeira vez nesta Terra de tantos desafios.

Abrir os olhos tem um significado bastante peculiar. Pode exprimir o ato físico de mover as pálpebras e permitir a sua lubrificação. Mas também pode aludir à uma abertura de mente mais ampla, além do físico.

Tantas e tantas vezes abriu os olhos de maneira marcante. Alguns com um estalo gritante. Outros mais suavemente, mas sem saída.

Hoje abriu os olhos com uma ponta de recomeço. Talvez saindo de tempos tenebrosos onde suas forças internas entraram em tal conflito que paralisaram.

Tentou de vários modos lidar com isso. 

Apelou para a força de vontade. Para suplementos energéticos quando as pernas teimavam em não obedecer. Foi aos médicos para examinar as tonturas que a faziam perder as forças e a garra de ir em busca.

Tomou passes. Rezou. Leu. Escreveu.

Fez apelos mudos nas escrita revelando que o ponto de não retorno estava próximo, quase ali. Que se fosse mais corajosa ia dar um fim neste teatro mambembe que a sua vida tinha se tornado.

Teve vontade mandar a merda os conselhos de ter força e rezar. Chorou de gratidão por cada palavra amiga que que lhe mostrava que não estava só.

E continuava.

Sem forças. Sem ânimo. Sem saber o que fazia.

Apenas continuava.

Era como um deserto que se atravessa sozinha e se parar se morre de sede.

Se perdeu dela.

Se tornou uma coisa que não reconhecia. 

Não se cuidou mais. Perdeu a vaidade. Perdeu a vontade.

Só queria acabar.

Um lampejo talvez de vida parecia nestes segundos de vida ter vibrado em uma energia mais densa e mais bonita.

Ia tentar recomeçar de novo.

Era, e sempre seria, dentro dela que o milagre acontecia.

Era hora de novamente abrir os olhos e ir em frente.

A morte por enquanto adiada. 

O choro tinha sido salvador. A verdade brotando de dentro lavava dores.

Era ela e apenas ela.

Cada vez mais seletiva. Depurando o que valia a pena e o que não.

Que fosse invisível aos que a rotulavam de forte.

Ainda haviam segundos para abrir os olhos. 

Física e metaforicamente.  

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