A evolução da Confiança e Kobayashi Maru

Sou uma pessoa extremamente desconfiada. Começo já alertando que acredito sempre pesquisando e tentando ver se não existe algo que não encaixe bem. E ao mesmo tempo sou extremamente pretensa a acreditar no ser humano e no potencial da interação, generosidade e compartilhamento.


Pois a respeito da evolução da confiança, um amigo mandou um link interessante onde, através de uma simulação com a teoria dos jogos tenta explicar o que considera um enigma :
Por que, mesmo em tempos de paz, amigos se tornam inimigos?E por que, mesmo em tempos de guerra, inimigos se tornam amigos? 
Onde nos levará essa epidemia de desconfiança como o site define e quais alternativas temos para resolver isso. Hummmm, nada mais atual.

Já ouvi falar na tal teoria dos jogos e não me perguntem nada sobre ela, também não sei explicar, mas sei que está sendo muito utilizada em várias pesquisas para explicar um monte de coisas.  


No tal link, começamos com um joguinho onde temos duas alternativas: colaborar e trapacear. Obvio que a gente aperta no colaborar e ora! Vemos a primeira grande descoberta dita como verdade absoluta:

Infelizmente, virar o outro lado da face apenas te faz receber outro tapa! (Sério? Nem sempre cara pálida, e contrariando as regras do jogo não faz sentido trapacear. Que ganhos verdadeiros se tem com isso?)
Pronto, já começou meu lado implicante e rebelde. Por mais que o jogo tentasse me fazer a cabeça que um certo grau de trapaça é salutar e conveniente para a sobrevivência eu fui até o fim apostando na colaboração. Conclusão do jogo: os colaboradores TODOS acabam morrendo ou saindo do jogo e quem tem a capacidade de sobrevivência é o copiador, o que vai se adaptando, trapaceando e/ou colaborando, conforme as conveniências. 

Mas nem tudo é tão triste assim, afinal o site admite que segundo a Teoria dos Jogos podemos ter duas ideias bem fortes de lidar com a confiança  
"Jogo soma zero". Esta é a triste crença comum que para um ganhar, o outro deve perder, e vice versa. 
"Jogo soma-não-zero". Este é quando as pessoas se esforçam para criar uma solução ganha-ganha! (ou pelo menos, evitar um perde-perde) Sem um jogo soma-não-zero, confiança não pode evoluir. 
Bingo!!! E é aqui que entra a Kobayashi Maru.




Quem conhece o universo Trekkie, sabe que havia um teste para os cadetes da Federação chamado Kobayashi Maru. Em suma, segundo as regras do teste, não havia como vencer ou desatar o nó. Até que surgiu um jovem cadete chamado James Tiberius Kirk que atacou no ponto chave. Mudou as regras.

Ué? Não podia? Ninguém disse que não. Há sempre uma premissa básica por trás de toda teoria/teste/vida que é encarada como absoluta ou verdadeira.  Muitas vezes a criatividade está justamente em questionar a base e não apenas os resultados. 

E assim chegamos ao que fiz na simulação que falei acima. No meu jogo ninguém que trapaceia ganha. Ao contrário, perde. E quem coopera ganha. E com essas premissas os cooperadores não apenas não sumiram, como cresceram. Assim como os copiadores que os imitaram. Todos cooperando juntos e todos ganhando juntos. 

E creio que tudo a ver com a conclusão da simulação.
O que o jogo é, define o que os jogadores fazem.
Tudo bem, dirão alguns, meu mundo ideal é utópico e nesse que vivemos há trapaceiros, aproveitadores, o jogo de ganha-ganha nem sempre se reproduz e os que pregam o contrário acabam sendo postos de escanteio. Mas quem sabe, um dia, as coisas mudem. Lembrem da frase acima. Até lá cheguei à seguinte conclusão: 

Sou um ser em extinção e por isso mesmo rara. Sugiro que me preservem. 

Comentários

  1. Um ser de alguma data estelar além de 2300, assim como poucos seres reais, enfiado dentro de um holodeck de 2018, onde a própria humanidade era desumana e competitiva, como bilhões de Klingons e Romulanos. Quebre todas as regras sem ofender nenhuma diretiva, Comandante Elenara.

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