60 fatos da minha história que você nem desconfiava (II)

“Contar a vida é como contar um sonho ou contar um filme.” Rivera Letelier, Hernan. “A Contadora de Filmes.”


As memórias vão se fundindo com versões das versões. Já não posso afirmar com certeza se o que vou relatar aconteceu assim ou se foi mudando em minha mente à medida em que ia crescendo e amadurecendo. 

16 - adorava ler desde muito pequena. Antes que as letras fizessem sentido para mim, amava que me contassem as histórias. E as memorizava para profundo desgosto de quem queria adiantar as páginas...
17- minha história predileta. Duas na verdade. A princesa e a ervilha. Obviamente que a entendo até hoje. Um grãozinho podem melar a melhor das noites e obviamente também, apenas uma princesa de verdade vai se importar ( e perceber isso). A segunda? A rainha da Neve. Ou de como se sacrificar pelo amor e passar o Diabo que o pão amassou para que o objeto do amor se dê conta da nobreza de caráter que estava desdenhando. Caso de análise. Urgente.
18- Sempre fui fóbica social e morro de medo de gente. É sim, já fiz psicoterapia de apoio. Melhorei um monte, mas ainda tenho medo de gente.
19 - Sou boa para começos e terrível para términos. Abismos de alma me fascinam e atos prosaicos me custam energias homéricas. 
20 - Nunca fui o tipo mocinha. Gostava mais de ter amigos que amigas. Mas também nunca fui moleca. Nunca tive quarto cor de rosa para desgosto de minha mãe. E meu vestido de 15 anos foi um micro preto.
21 - Era gordinha e isso me causava muitos traumas. Deixei de fazer muitas coisas por não querer expor o corpo. E nem tinha tanto excesso de peso assim. 
22- Quando cheguei em Brasília e tive que falar em sala de aula, fui recebida com risadas por causa do sotaque gaúcho. 
23- Mas isso não me marcou tanto como o comentário de que iam indicar um colega para a caloura mais bonita me mostrando que eu não merecia nem concorrer. Eu ri da piada, mas meu coração se magoou. Até porque a adolescente que me morava tinha feito roupa especial e tinha sonhado em desfilar.
24 - Sempre guardei meu eu mais profundo. Conto nos dedos as pessoas para quem me abri profundamente. 
25 - Gosto muito mais de salgados que de doces. Mas muito mais mesmo.
26 - Detestava arroz quando era pequena. E amo risoto agora. Um exemplo prosaico de como os gostos mudam. E a gente também. 
27  - Meu primeiro beijo foi aos 20 anos. E foi inesquecível. Era um namoradinho que não durou muito, não me lembro direito dele. Mas beijava divinamente. 
28 - Meu tipo de homem é moreno. Olhos negros. Meu maior amor tinha olhos azuis. Olhos me ganham.
29 - Durante muitos anos não sorri em fotos - e acho que nem ao vivo - porque achava meu sorriso feio. 
30 - Perdi muito tempo me exigindo perfeição. Meus olhos de hoje relembram fatos e gostariam de embalar (e sacudir) aquela menina que sofreu tanto sem necessidade...

São fatos? São versões? São pedaços de minha vida... ( continua

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