1957 - Grande safra e grandes memórias - (minha visão)


Hospital Bruno Born- Lajeado -RS
Nasci no Hospital Bruno Born em Lajeado, no estado do Rio Grande do Sul. 
É uma das poucas coisas que sei sobre a cidade onde nasci. Minha família se mudou para lá, em função do trabalho de meu pai. Acho que já moravam na cidade há uns seis anos quando me encomendaram. 

Assim vou tentar continuar com o desafio das 52 perguntas em 52 semanas falando o pouco que sei sobre Quando e onde você nasceu? Descreva sua casa, sua vizinhança e a cidade onde cresceu.

Minha casa. Minha primeira casa. Meus pais construíram essa casinha simpática para a sua família de quatro pessoas. Eles e meus dois irmãos. E mais os primos que iam morar ali para estudar. As histórias da minha cidade natal conheço pelas lembranças deles. Nossa casa, hoje uma imobiliária (veja foto acima), em quase tudo permanece igual. Talvez sem a horta que minha mãe sempre fazia em suas casas. E cujas sobras, minha irmã mais velha vendia de porta em porta, já antevendo a futura empresária de vendas. Morei pouco tempo nela. Em dois anos nos mudamos para Novo Hamburgo, seguindo a carreira de meu pai. Carreira brilhante, diga-se de passagem.
Minha mãe e minha irmã em frente da garagem da casa
Muitas e muitas vezes mudei de casa e cidade. E se não fiquei com memórias de vizinhança da mesma cidade, tenho um especial carinho pelo ano em que nasci.

Ano 1957. Sou da geração dos Baby Boomers. A turma que foi gerada depois da segunda guerra mundial. A geração dos pais que viram a morte passando pelo mundo. A geração que foi criada para ser muito. 

Diria que foi um ano que gerou uma grande safra. O mundo começava a mudar. A perspectiva de uma Terra com fronteiras parecia que ia se ampliar com o começo da era espacial.
Embora o espaço acenasse com uma infinidade de possibilidades, era uma guerra que impelia essa conquista. Russos e americanos disputavam o que se chamava de Guerra Fria. Além da terra, os céus eram objeto de disputa. E para satisfazer os orgulhos e alcançar o poder, Laika era usada como ícone da modernidade. Imolada em sacrifício que, na época, nem era pranteando. 
A moda era glamourosa. Os anos pós guerra começavam a gerar mais empregos, as economias começavam a reagir, os anos de penúrias ficavam para trás e a moda acompanhava isso.

E no final da década, a rebeldia que seria a tônica dos anos 60 começava a se mostrar. Os corpos se desnudavam e uma mocinha francesa chamada Brigitte Bardot começava a se tornar um ícone usando biquínis. 
Mas as mulheres ainda eram as Rainhas do Lar. As propagandas enfatizavam um retorno ao trabalho doméstico para que os homens pudessem ter seus empregos de volta. Na época da guerra, quando os soldados estavam no front, as mulheres tiveram que ir à luta. Não apenas para prover a casa, mas para abastecer a indústria bélica. Acabada a Guerra, era necessário que essas mesmas mulheres deixassem suas vagas para os homens que voltavam. A indústria da propaganda entrou em ação. Era esse mundo, onde mulheres sorridentes e bem vestidas, reinavam em suas casas, usufruindo de modernos eletrodomésticos e facilidades para os serviços domésticos, que recebeu uma menina cujo futuro, na ocasião, devia ser imaginado como entrando nesses rótulos
Não, não estou me baseando em pesquisa para escrever essa postagem. Apenas à minha memória. Foi assim que entendi a história do meu ano de nascimento. É a minha versão. Um ano de aparente tranquilidade, mas que encerrava as sementes de um imensa transformação que ia acontecer no mundo. Talvez sejam também a semente da minha tranquilidade inquieta. Uma convivência entre o olhar analítico sobre o passado e outro, inquiridor e utópico, para o futuro. 

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