O mate e a impermanência da vida
Acordei filosofias de galpão.
A vida, tal qual um mate bem cevado, tem seus ciclos. A água quente transforma a erva verde em uma bebida revigorante, mas, acaba por esfriar e perder o sabor. Assim também somos nós. Vivemos intensamente, buscamos calor nas relações, nas experiências, mas tudo tem seu tempo. A juventude dá lugar à maturidade, e esta, à velhice. Nada permanece igual.
Era uma tarde de domingo em Porto Alegre, daquelas cinzentas que parecem encurtar o horizonte. Os pensamentos se alongam e cavalgamos coxilhas como tauras desbragados. O Parque da Redenção, com suas árvores já divididas entre os galhos secos do inverno e as flores teimando em anunciar uma primavera precoce, oferecia um cenário perfeito para a reflexão. Sentei-me em um banco, próximo ao lago, e comecei a preparar meu mate, observando as pessoas que passavam com suas vidas apressadas mesmo sendo um dia dedicado ao descanso.
A vida sempre me ensinou a apreciar esses momentos de calmaria. A maturidade, assim como a água quente do mate, trouxe à tona novos sabores antes despercebidos. Enquanto a erva-mate se hidratava e liberava seu aroma terroso, pensava na passagem do tempo. Na juventude, somos como essa erva verde, cheios de vitalidade e potencial. Tudo é novidade, e a vida parece uma aventura interminável. Mas, aos poucos, a água quente vai amaciando nossas arestas, tornando-nos mais suaves, mais ponderados.
Na maturidade, descobri um novo brilho no olhar. As paixões da juventude deram lugar a um entendimento mais profundo das coisas. O calor das relações intensas foi substituído pelo conforto de laços duradouros. As conquistas materiais, antes tão almejadas, perderam um pouco do brilho diante da sabedoria adquirida com o passar dos anos. É como o mate que, após várias infusões, ainda mantém seu sabor, mas de uma maneira mais suave e reconfortante.
Olhava para o céu carregado de nuvens e lembrava dos velhos amigos, alguns já distantes, outros apenas lembranças. Outros, preciosos, sempre mostrando que a presença física não é empecilho para os afetos verdadeiros. A impermanência da vida se fazia presente em cada memória. As pessoas vêm e vão, como o vento minuano que ora sopra forte, ora é apenas uma brisa. E nessa dança de encontros e despedidas, aprendi a valorizar o presente, a viver cada momento com intensidade, mas também com a serenidade de quem sabe que tudo é passageiro.
O mate começava a esfriar, e com ele, a metáfora da vida se tornava ainda mais clara. A velhice, assim como a água que perde o calor, chega para todos. É um ciclo natural, inevitável. No entanto, há uma beleza serena na aceitação desse ciclo. A velhice traz consigo a sabedoria dos anos vividos, a tranquilidade de quem já percorreu muitos caminhos e, agora, pode olhar para trás com um sorriso. E para frente com a esperança de quem se aprende todo dia. E o mais importante, mais preparada para viver o que realmente importa: o hoje.
A impermanência da vida nos ensina a valorizar cada fase, a entender que cada momento tem seu propósito e sua beleza. É na transitoriedade que encontramos a verdadeira essência da vida. Assim como o mate, que é apreciado gole a gole, a vida deve ser vivida instante a instante, com a consciência de que nada é permanente, mas tudo é precioso.
Enquanto guardava a cuia e a bomba, senti uma paz interior. A tarde cinzenta de Porto Alegre, com sua melancolia e beleza, me lembrava que a vida é feita de ciclos. E que, apesar da impermanência, há sempre algo de belo e significativo em cada fase. A maturidade não é o fim, mas uma continuação de tudo o que já fomos e ainda podemos ser.
Levantei-me do banco e caminhei lentamente pelo parque. O vento frio acariciava meu rosto, trazendo consigo a promessa de novas experiências e aprendizagens. E assim, com o coração aquecido pela reflexão e pela certeza de que a vida continua em ciclos infinitos, segui meu caminho, pronta para viver cada instante com gratidão e presença.
A cada passo, redescobria a mim mesma. Com 67 anos, o mundo se abria novamente, cheio de possibilidades. A vida, tal qual um mate bem cevado, pode perder o calor, mas nunca perde seu encanto. E assim, com um brilho renovado no olhar, segui adiante, abraçando a impermanência e a beleza de ser quem sou.
Era uma tarde de domingo em Porto Alegre, daquelas cinzentas que parecem encurtar o horizonte. Os pensamentos se alongam e cavalgamos coxilhas como tauras desbragados. O Parque da Redenção, com suas árvores já divididas entre os galhos secos do inverno e as flores teimando em anunciar uma primavera precoce, oferecia um cenário perfeito para a reflexão. Sentei-me em um banco, próximo ao lago, e comecei a preparar meu mate, observando as pessoas que passavam com suas vidas apressadas mesmo sendo um dia dedicado ao descanso.
A vida sempre me ensinou a apreciar esses momentos de calmaria. A maturidade, assim como a água quente do mate, trouxe à tona novos sabores antes despercebidos. Enquanto a erva-mate se hidratava e liberava seu aroma terroso, pensava na passagem do tempo. Na juventude, somos como essa erva verde, cheios de vitalidade e potencial. Tudo é novidade, e a vida parece uma aventura interminável. Mas, aos poucos, a água quente vai amaciando nossas arestas, tornando-nos mais suaves, mais ponderados.
Na maturidade, descobri um novo brilho no olhar. As paixões da juventude deram lugar a um entendimento mais profundo das coisas. O calor das relações intensas foi substituído pelo conforto de laços duradouros. As conquistas materiais, antes tão almejadas, perderam um pouco do brilho diante da sabedoria adquirida com o passar dos anos. É como o mate que, após várias infusões, ainda mantém seu sabor, mas de uma maneira mais suave e reconfortante.
Olhava para o céu carregado de nuvens e lembrava dos velhos amigos, alguns já distantes, outros apenas lembranças. Outros, preciosos, sempre mostrando que a presença física não é empecilho para os afetos verdadeiros. A impermanência da vida se fazia presente em cada memória. As pessoas vêm e vão, como o vento minuano que ora sopra forte, ora é apenas uma brisa. E nessa dança de encontros e despedidas, aprendi a valorizar o presente, a viver cada momento com intensidade, mas também com a serenidade de quem sabe que tudo é passageiro.
O mate começava a esfriar, e com ele, a metáfora da vida se tornava ainda mais clara. A velhice, assim como a água que perde o calor, chega para todos. É um ciclo natural, inevitável. No entanto, há uma beleza serena na aceitação desse ciclo. A velhice traz consigo a sabedoria dos anos vividos, a tranquilidade de quem já percorreu muitos caminhos e, agora, pode olhar para trás com um sorriso. E para frente com a esperança de quem se aprende todo dia. E o mais importante, mais preparada para viver o que realmente importa: o hoje.
A impermanência da vida nos ensina a valorizar cada fase, a entender que cada momento tem seu propósito e sua beleza. É na transitoriedade que encontramos a verdadeira essência da vida. Assim como o mate, que é apreciado gole a gole, a vida deve ser vivida instante a instante, com a consciência de que nada é permanente, mas tudo é precioso.
Enquanto guardava a cuia e a bomba, senti uma paz interior. A tarde cinzenta de Porto Alegre, com sua melancolia e beleza, me lembrava que a vida é feita de ciclos. E que, apesar da impermanência, há sempre algo de belo e significativo em cada fase. A maturidade não é o fim, mas uma continuação de tudo o que já fomos e ainda podemos ser.
Levantei-me do banco e caminhei lentamente pelo parque. O vento frio acariciava meu rosto, trazendo consigo a promessa de novas experiências e aprendizagens. E assim, com o coração aquecido pela reflexão e pela certeza de que a vida continua em ciclos infinitos, segui meu caminho, pronta para viver cada instante com gratidão e presença.
A cada passo, redescobria a mim mesma. Com 67 anos, o mundo se abria novamente, cheio de possibilidades. A vida, tal qual um mate bem cevado, pode perder o calor, mas nunca perde seu encanto. E assim, com um brilho renovado no olhar, segui adiante, abraçando a impermanência e a beleza de ser quem sou.
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