Diário de um dia qualquer

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Continuo apesar de. Minto, gosto de estar aqui. Às vezes nem sempre, não de todo, mas na maior parte das vezes, a curiosidade vence o desanimo e a desesperança. O que vem em frente me encanta. Tanto quanto o estudo do passado.

Acordo na madrugada. Corro para o banheiro porque hidratar tem disso, o troco. Ainda meio sonolenta, entre a escolha de virar de lado e dormir mais um pouco, escolho espreguiçar (não tanto como devia) e abrir os olhos com mais vigor. Uma olhada nas redes e notícias. Cada vez mais difícil separar o joio do trigo. Mas sempre pode haver um whats de relevância. Tipo o prédio está pegando fogo, do grupo do edifício. Ou algum acontecimento impactante. Nem penso que existe ainda telefone fixo na minha casa, embora duvide que alguém mais tenha meu número. Só os tele anúncios procurando pessoas que nunca vi. Tem os que querem me vender planos de cremação em meio aos pesadelos matinais. Mas tem também os gatinhos fofos, as separações que a gente não espera, as piadas, os memes, as paranoias. Leio paranoias pela madrugada. Sou dessas. Depois me queixo de insônia.

Pulo da cama sem fazer aqueles movimentos graciosos que aprendo no Pilates. Esqueço as havaianas e coloco meus pés quentes no piso frio do banheiro. Levo um susto ao ver essa pessoa de cabelos grisalhos com ar espantado e olhar de sono que me mira do espelho. Nos olhamos com cumplicidade. Nos vestimos uma da outra e começamos o dia. Um café passado. Um copo de água em temperatura ambiente em jejum. Uma fruta da estação, um sanduíche, um leite com café tomado enquanto repasso os recados e os intermináveis bons dias de toda manhã. Lavo a louça que também sou dessas. Não sou maniaca por limpeza, mas detesto mais pias cheias. Prefiro fazer o serviço chatinho logo. Devia ser assim com tudo e parar de procrastinar tanto em outros, mais relevantes. Pedalo parada por 40 minutos, olhando a paisagem da cidade. Sempre igual. Sempre diferente. Lembro da música do Chico: Todo dia ela faz tudo sempre igual. Eu faço. Mas também não sonho com grandes aventuras. Por fora. Elas me habitam internamente desde sempre. E lidar comigo não é tarefa fácil. Exige coragem e destreza. Aparentar essa tranquilidade e gentileza consome energias de conhecimento e estoicismo. Não, não aparento algo que não sou. Sou assim mesmo, tranquila e gentil. Mas também é uma escolha. Assim como meus afetos. Tem também o que não posso desescolher. A vida não é um jogo de não quero mais, desligo. Essa coisa de deletar funciona bem na vida virtual. Na real, sou feita de fortalezas que não posso desconstruir porque ninguém mais as assumiria. Também escolhas. Olho e ouço com assombro as confissões de tantos que se expõem com tanta tranquilidade, como se o palco da vida os tornasse sempre protagonistas, mesmo quando o enredo é clichê ou vagabundo. Julgadora? Eu? Sempre! Crítica? Também. Mas guardo comigo que minha maior ré sou eu mesma. E o teclado que me serve de ferramenta às vezes também serve de ouvidos. Moucos.

Nem sempre consigo a tranquilidade de sentar e escrever. Ás vezes estou tão inserida na realidade que palavras não saem. Ou é a roda viva do dia que começa com conversas que me tiram da concentração de mim comigo. Aliás, essa interação interna tem me faltado. Foco. Deixar de me entupir de dados sem qualidade ou necessidade para simplesmente olhar para a vida que me resta e sorrir.

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