A roda da vida gira

imagem gerada no site SeaArt


Cerração que baixa, sol que racha já diz o velho ditado que todo porto-alegrense repete, especialmente nesta época do ano quem que se respira água. E se vê o sol, feito bola de luz, redondinho, no meio das nuvens cinzentas, como querendo afirmar que sim, é o dono da cidade. E por mais frio que faça, já se sabe que o dia reserva um tempo de calor. Mais tarde.

Assim como na vida. Tem aqueles tempos que tudo escurece, não se enxerga saídas, dá uma vontade doida/doída de virar para o lado, se tapar com a coberta e dormir até nunca mais. Mas eis que a vida nos lança para fora, o sol aparece, os pássaros gritam em sua dança de namoro e a chama reaparece.

Não a toa nestes momentos de luto da alma, aparecem simbolismos e mensagens que nos tocam lá no fundo. Parece clichê de autoajuda, e é. Mas a vida é um turbilhão de clichês sentimentaloides que somos racionais até por ali. Nossa massa é feita de sangue, suor e vontades. E sentimentos. E ânsias. E sonhos. E toda aquela matéria que nos conforma e que é tão difícil de exemplificar.

Talvez por isso nosso fascínio com uma inteligência não humana. Algo que reproduza como nossos neurônios deveriam ser, se não fossem tão imaturos emocionalmente. E não, não me venham dizer que alguém é 100% maduro e racional. Isso não existe. Basta ver as taras e belezas do mundo. Cada um se explode como pode.

Das leituras estou no meio de um livro que fala justamente da vida de quem definiu os períodos do luto. Chama-se A Roda da Vida de ElisabetKubler-Ross. Quase deixei a leitura no início por um episódio com coelhos. Apesar de amar spoilers, não vou citar aqui porque não é o caso. Mas me chocou e desisti do livro. Um pouco culpada porque recebi por empréstimo de minha irmã para que o lesse. Já sabendo que preciso.

Como tudo na vida tem seus momentos e nada deve ser dito para nunca mais, retomei após alguns dias. E a vida é feita disso. Choques, repulsas, decantação e retomadas. Porque podemos não ser tão racionais como as máquinas que tentam nos mimetizar. Mas somos feitos de vontades esquisitas e muitas vezes inexplicáveis. E por isso mesmo, fascinantes.

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