Fruir o momento

 

Leio que luzes não identificadas são vistas nos céus de minha cidade. Serão naves? Serão deuses? Serão satélites? Importa no momento? Não creio.

Antes de começar a escrever, leio que Gal morreu. Como assim, Gal? Partir quando ainda queremos tua voz límpida, pura, gritante em cima de nós, por nós, em nós?

Um momento e alguém posta que o "o ato de gerenciar o tempo é tudo que a vida é". Segue-se uma fala sobre o eterno dilema de viver o tempo, de se afundar no tempo, de gerir/mergulhar/se alienar/acordar. A vida é o que é.

Lembro que fruir o tempo enquanto ele é me parece a melhor definição de ser sábio. Não a lembrança. Não a antecipação. Apenar fruir no momento em que acontece.

Viva o presente. 

Sempre li. Procurei entender. Aprender. Exercitar. Mas confesso, foi no limiar das perdas que realmente entendi a dimensão de fruir o momento.

Daria tudo por um beijo do meu pai hoje. Exatamente aqueles beijos jogados ao vento, de todo o dia. Cada beijo de minha mãe, que se vai na sua fuga do presente, a cada momento, é um tesouro que guardo no instante em que acontece.

Os momentos. Disso é feita a vida.

Fruir os momentos no instante em que acontecem. Saber que são tesouros no momento em que são vividos. Sem fotos, sem registros que não os do coração. 

Que venham pois as luzes brilhantes do céu. A vida é feita também de luzes fugazes que não sabemos explicar, mas que sabemos luminosas.

A voz eterna de Gal me embala. A memória é feita de presenças dos momentos fruidos.   



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