Conversas com a Lua minguante


Elenara Elegante

Acordo madrugadas. É um hábito recorrente. 

Não consigo escapar do hábito de correr os dedos pelas telas para saber se há novidades. Em geral são poucas. Muita desinformação e opinião sem muita profundidade sobre o mesmo. Talvez eu esteja procurando nos locais errados. Não se encontra conteúdo em lama.

Mas tem suas vantagens. Olho pela janela quando decido levantar. Já são 6:15. A Lua me saúda, magrela em seu minguante. Está sobre a chaminé, tema recorrente de minhas fotos. O café preto fica mais suave com a sombra da Lua minguante nos céus da cidade que acorda, sonolenta, mas vibrante, para mais uma semana que chega.

Faço as pausas necessárias entre uma escrita e outra. Banheiro, gata que mia, mãe que necessita cuidados. A natureza me chama. A biologia idem. A poesia que espere.

A pausa termina. Já é dia. A cidade já está mais barulhenta. Mas ainda não ouvi os passarinhos. Deve ser o calor esquisito para um dia de julho, inverno em teoria.

Em teoria também estamos no século XXI. Volto a assistir minha séria predileta da infância. Jornada nas Estrelas, a original, quando eu ainda não sabia que era Star Trek. Mas já sonhava com as estrelas. Agora em nova versão, mas em tempo anterior ao dá que via. Meu imaginar de menina estelar vem à tona. Um mundo sonhado de cooperação e buscas. Talvez venha daí minha utopia. Talvez a minha utopia pessoal tenha encontrado eco na ficção.

Olho a janela. A Luz é um risco fino em um céu azulado, ainda pintado com as cores do amanhecer. Logo os barulhos vão se tornar mais gigantes. Logo vão me chamar à realidade. Logo vou ter que deixar de ser eu e ser aquela que resolve e cuida. Logo a dor nas costas se fará sentir com mais força porque o corpo grita que a couraça de se fazer forte tem preço. De se fazer não, de precisar ser porque sem outra alternativa.

De alternativas sinto falta. Elas eram tão mais imensas quando meus cabelos eram apenas loiros ou loiros acinzentados por natureza. A medida que fui m tornando mais velha, as tintas escureceram e agora já nem conseguem cobrir os fios brancos que teimam em me mostrar que o tempo não é uma ilusão.

Miados me chamam à vida. Meus dedos loucos para dedilhar qualquer coisa que faça sentido, ou não. Apenas correr doidos pela liberdade de tentar escrever. A vida me chama à realidade de que a poesia tem que esperar. O pão precisa ser feito. As ideias que esperem, a prática sempre vem em primeiro lugar.

A Lua vai se minguando. Eu com ela, mas crescendo em luz que a força também tem dessas vantagens. Perde um lado, ganha outro. Noves fora? Sei lá. Deve ser a rota que me leve à sabedoria. Espero.  

   

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