O céu que ruge

Yakecan

O céu que ruge, Yakecan, não fez tanto barulho sobre minha casa. Sim, sou privilegiada, moro em um local alto, bem protegido e tenho condições de me resguardar. Mas mesmo assim os avisos da defesa civil e imprensa me assustaram e me fizeram preparar o que podia para enfrentar uma fúria da natureza sem precedentes locais. Torcendo para que os alertas fossem apenas isso: alertas. E o foram aqui, embora em outros locais possa ter sido mais assustador.

Fico pensando em quantos alertas a vida nos dá. Sinais de que algo não muito bom possa nos acontecer. Aquela voz que diz que melhor adiar aquela viagem, ou que aquele amor talvez não seja o mais adequado. Ou que a gente não está tão feliz com a carreira que abraçamos. 

Alertas servem exatamente para que a gente se atente e tome providências para evitar perigos. Por mais assustados e sobressaltados que fiquemos, o bom é que os temores não se concretizem.

Há que se separar os indícios que são reais e palpáveis dos que são temores vãos. Um alerta de ciclone severo, corroborado por renomados institutos de pesquisa do tempo é bem diferente daquele whats que surge de amigos bem intencionados, mas que não resistem a uma consulta simples no Google. Postagens catastróficas são muitas vezes diferentes de ciência. Nem sempre a gente percebe a sutil margem de distância entre fatos e boatos. 

O céu não rugiu tão alto na minha cidade ontem. Muitas vezes ele ruge internamente com ferocidade. Chove intensamente na alma apontando que a rota se desvia dos portos mais seguros da harmonia. Sou adepta de ouvir todos os alertas, analisa-los, leva-los a sério, me preparar para eles, sem histerias. E torcer para que sejam sempre assim, apenas alertas. E que a vida siga seu rumo de surpresas e alternâncias entre águas e fogo, terra e ar.  

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