Patéticas palavras ouvindo o Poeta
O céu empedrado, a utopia mofada, os afetos escondidos, a vida que geme. E agora, dona moça das patéticas palavras?
Escutar o poeta mineiro não te fará escrever melhor. Vai talvez, quem sabe, acordar fagulhas há tempos adormecidas.
As sutilezas jazem no campo nem tão santo dos dias que correm. Gentileza e luminosidade se acabam nas ilusões rotas das malas desfeitas.
E agora moça encantada? Espelhos te mostram outro rosto, não o teu, tão ainda cadente. O reflexo ressoa trilhas de décadas de sonhos carpidos.
Um tanto de culturas, para ti exóticas. Mas não, apenas outras formas de ver o mundo. Sentir o tempo. Colher a semente.
Colheita pungente de minutos que escorrem nas águas nascentes. Tocantes sons misturando palavras e voos. Canto de pássaros, buzinas de ônibus, passos apressados, olhares assustados. Memórias e vidas lacrimejam.
E agora, moça? Ainda resta espaço para poesia na tua alma?
(exercício de criação ao ouvir Drummond)
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