O que nos faz guerreira/os?
O que nos faz guerreiros?
Enfrentar batalhas, seguir em frente quando perdemos algumas guerras.
Levantar e levantar.
Cair às vezes, que falamos de pessoas normais e não de super heróis.
Com essa história de princesas e capitães cheios de força queremos ensinar o quê aos nossos filhos e netos? Que existe dentro de cada um de nós super poderes de resiliência que vão nos capacitar vencer qualquer coisa, desde que usemos a vestimenta, capa ou máscara certa?
Sinto, mas na vida real nem sempre é assim. Nem sempre o mocinho saí vitorioso, ou a princesa se torna empoderada porque veste uma linda tiara. É preciso mais.
É preciso saber respirar e se reerguer. Não se culpar.
Ter um olhar generoso ao mundo e a si mesmo. Saber que ninguém é perfeito, que todos tem suas mesquinharias e medos, mas se segue em frente com eles, apesar deles, às vezes até por eles.
Meu pai sempre contava uma história de sua vida. Era órfão e começou a trabalhar cedo. Um desses serviços era faxinar o banco onde depois iria fazer carreira. Ele, que tinha amigos que iam fazer faculdade, muitos talvez viessem com seus pais ao banco e o encontravam de uniforme e vassoura na mão. O gerente, que o conhecia muito bem, muito sabiamente, o chamou para uma conversa reservada. Explicou que a ambição de querer crescer era muito justa e para isso haviam caminhos ali dentro da instituição. Mas enquanto ele não seguia em frente, devia se conscientizar que era um embaixador da agência e do banco. Lhe fez ver que seu trabalho, tão humilde, mantinha a limpeza que transmitia boas impressões aos clientes. Lhe fez ver, principalmente, que estivesse onde estivesse, colocasse ali o melhor de si e fizesse seu trabalho com maestria. Meu pai repetia essa história até o final de sua vida, tendo feito uma carreira brilhante naquele mesmo banco, tendo chegado a ser presidente de um banco estatal de cooperativas, sempre dizendo que desde aquele dia se tornou um mestre em varrer ( e é verdade, sou testemunha disso), assim como se tornou mestre em cada posição que ocupou na vida. Dele recebi dois dos mais belos conselhos de vida: "se quer ser livre, conquiste sua independência financeira" e quando eu ia embarcar em uma viagem, a primeira grande que fazia com amigos, me disse no aeroporto: "tu sabias que eu era contra essa viagem, mas tu batalhou e conseguiu. Estou muito orgulhoso de ti, é assim que se conseguem as coisas na vida".
Guerreiro que transmitia seus conhecimentos sem medo porque compartilhar nos fortalece.
Guerreiros são os que respiram fundo depois de chorar e vislumbram um mínimo de chances por que lutar. E vão em frente, cada dia por vez, cada minuto por dia, cada emoção no seu tempo, sabendo equilibrar suas respostas com as lições da vida real. Sabendo que a harmonia reside na busca de nosso ponto de equilíbrio, o que nos faz vibrar e ser únicos na vida.
O que quero deixar como herança? Que as pessoas lembrem de mim com um sorriso, um misto de saudade e carinho, pensando que aquela guria exercitava a resiliência para tentar fazer o mundo mais coerente e mais gentil. Se conseguiu ou não, não importa. Mas ela continuava tentando.
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