Qual a sua prioridade?


Dias insanos que não lembro de ter vivido antes. Os dias em que a terra está parando como já cantava Raul Seixas e como meus pesadelos infantis. Ruas vazias em grandes cidades, suspensão de atividades, precaução para que um vírus não se espalhe. Imagine se os povos da América pudessem ter feito isso quando os europeus chegaram com suas doenças, novas para eles, que acabaram por matar os mais jovens e valorosos guerreiros...agora o perigo é para os mais velhos. Notícias alarmantes falam de prioridades para atendimento nos países mais atingidos. Mais de 65 anos já não recebem tratamento. Onde fica a realidade onde entra o exagero, não sei. Mas cautela e canja de galinha nunca são demais, já diziam nossas muito sábias avós. 

Até onde sei (e não sou especialista, mas apenas leiga que teme e se preocupa) a prevenção ajuda a não sobrecarregar o pico da epidemia (pandemia, na verdade). Lavar as mãos, evitar aglomerações, cuidar para que os mais vulneráveis não sejam atingidos.

Muitos estão em quarentena, aqui ainda de forma espontânea, em muitos países de forma impositiva. Ler, ver filmes na TV, escrever, aprender online, sair o mínimo possível. Para quem pode. Quem não pode, redobrar os cuidados com a higiene das mãos. Cuidar...

Lembrei de uma comédia bem romântica que sempre vejo quando passa. No Brasil se chama "Casa Comigo" com a Amy Adams, a ruiva bonita de Encantada. Tem uma frase que considero fundamental no filme e que vai levar ao desfecho final:   
“Se sua casa estivesse pegando fogo, tudo se acabando e você tivesse somente 60 segundos para salvar algo, o que você levaria?”
Essa frase me impacta porque sempre foi enredo de meus sonhos (pesadelos) recorrentes. Tenho pouco tempo para sair e preciso separar o essencial. 

O que é o essencial? Pode variar de tempos em tempos. Mas nesses tempos de medos, quais as nossas prioridades? 

Leio comentários de pessoas dizendo: velhos vão morrer mesmo. A letalidade é pequena. Isso é fantasia ou histeria. Vai prejudicar a economia.

Ao mesmo tempo vejo pessoas se preocupando com os outros. Seus parentes, vizinhos e desconhecidos. Existe um movimento me cuido porque te amo. Me preocupo com o outro. Me preocupo com quem não pode parar de usar transporte público, quem não pode parar de trabalhar, quem não tem dinheiro para se tratar. O outro. 

Independente de qualquer coisa. O outro é uma parte da comunidade. Não somos ilhas isoladas. Somos parte de universos que se precisam para sobreviver.

Solidariedade não é teoria. Prevenção vai além das necessidades e crenças pessoais. Bravura é se cuidar e cuidar dos outros.

Expor pessoas ao perigo é apenas insensatez e egoísmo.

Nesses tempos de perigo, quem você quer salvar?   

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

amantes eternos (divagações com a IA)

Das podas necessárias

Dos meus pertences