Ninfas apopléticas


Ninfas em estado de fúria? Seria o caso dessas diáfanas criaturas se encontrarem em seus lares ancestrais e verterem danças enfurecidas, lançando gritos apavorantes que acordassem mentes adormecidas nos mais recônditos lugares dos planetas, céus e mares?

Ou estariam as ninfas adormecidas como tantos, esperando em seus sonos de contos de fadas que passassem os 100 anos de maldição e a beleza voltasse a reinar?

Ou quem sabe ainda as criaturas estariam sofrendo desse mal moderno que causa fadiga prematura aos pensamentos e sentimentos e sua aparente apoplexia apenas se devesse ao estranhamento de se perceber em um universo alternativo correspondente aos piores pesadelos.

Aqui e ali ouviam rumores fora de suas nuvens onde fervilhavam os embolhamentos. Ali reinavam fugas das mais variadas. 

Umas liam alucinadamente como se precisassem decorar as palavras que poderiam ser esquecidas. 

Outras riam desbragadamente e junto aos faunos, se jogavam às orgias antes que as trancassem em cofres emasculados. 

Outras apenas criavam. Qualquer coisa. Pinturas, bordados, teciam teias de belezas que pareciam não ter fim e se juntavam às outras que mãos teciam em aparente frenesi. Mesmo as gotas vermelhas de sangue eram misturadas às cores das tintas e fios, enriquecendo as tramas com vida, mesmo que mortificada. 

Havia as que ouviam música. Umas dançavam ritmos alucinantes. Outras ainda apenas mantras de conexão aos cosmos.

Quem as visse de fora acharia que reinava uma aparente calmaria. 

A que antecede os furacões.    

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