O xadrez dos peões e reis

 
Nunca aprendi a jogar xadrez. Meu pai sabia. Tinha um tabuleiro com peças de madeira, fortes, lindas. Bem torneadas. Minha mãe e ele jogavam. Foi o que ouvi falar. Deve ter sido antes do meu nascimento.

Meu pai me ensinou várias coisas. Acho que até tentou me ensinar a jogar xadrez, mas sem muito entusiasmo. Culpa de um sonho que ele teve e sempre contava, entre um tom de piada e de susto. No sonho ele jogava em um imenso tabuleiro, ao ar livre. Mas o grotesco é que uma das peças era minha irmã, sua filha, que era pequena na época do sonho. 

Entendo o medo/fascínio que o jogo devia exercer sobre ele. O xadrez não é para os fracos. Há que não apenas se antever várias jogadas, como entender o oponente. Saber antecipar as estratégias do outro muito antes das jogadas. 

O tamanho do raciocínio e cuidados que isso exige é imenso. Pelo menos para quem joga com respeito a si mesmo e ao adversário. Não é jogo para blefes, mas pode ser jogo para ousados que não seguem regras. Mas não para sempre. 

Não, não tecerei comentários aprofundados sobre um tema que não domino, nem na teoria, muito menos na prática. Admiro demais quem consegue jogar. E vencer. Xadrez não é para amadores.


Quando vejo engrenagens da vida se tecendo, quase sempre tento observar as estratégias por trás de cada jogada. Sim, a vida se assemelha a uma partida de xadrez. Alguns com maus jogadores que não sabem compor seus lances. Outros com a maestria dos que dominam o que fazem e antecipam as jogadas, sabendo perder para ganhar no final. O xeque mate é de quem tem mais paciência, ousadia e inteligência. Não necessariamente nessa ordem.

Uma coisa é certa. E falo isso porque fui bem lembrada por um cartoon hoje. Os peões sempre serão sacrificados. A rainha, embora mais poderosa de todos, sempre valerá menos que o Rei. 

E sempre ganha a melhor estratégia que saiba na apenas antecipar, mas neutralizar as forças adversárias. 


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