Observadora da vida

A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco. C.Drummond de Andrade

Tenho inveja
Tenho sim, muita inveja dos que acordam cheios de certezas. 
Dos que não descreem
Daqueles que vivem tanto de convicções que quando as perdem de um lado, bandeiam para o oposto. 
Eu não
Eu vivo questionando
Eu faço perguntas impertinentes
Sou daquelas que nunca mergulha fundo nas crenças
Não tenho gurus, pesco um pouco das sabedorias alheias
Separo o que me interessa, o que me soa verdade interna
O resto deixo ir



Admiro quem acredita tão fundo que grita
Admiro os lutadores, 
os que dão a vida por suas ideias
São deles as rotas que fazem diferença


Eu vivo do imponderável
Leio poesia nos dias tristes
Leio palavras de quem pensa coisas que não creio
Só para entender o pensamento alheio

O desconhecido me fascina
Vivo da busca
Sou como aquele caminhante errante que passa por vilas
Come das suas comidas, 
reza nas suas igrejas
Ama seus pares
E parte

Mas com um secreta (nem tanto) inveja dos que ficam
Dos que lançam âncoras
Dos que firmam raízes
Dos que gritam, que gritam, que gritam
Dos que lavram a terra
Dos que lançam sementes
Eu não vejo verdades absolutas
Eu meio que pairo absorta na vida
Eu que apenas observo 

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