Mudança que urge

Um dia tinha lido sobre alquimistas.

Quem sabe os sinais do universo não estivessem apontando para uma revolução em sua vida. Um recomeço desses de varrer a história passada e afogar com fogo e brasas toda a completa destruição em que se transformara a sua vida...

Começava pelo mau humor. Péssimo humor. Humor de ogra. E as coisas que não se encaixavam mais. O otimismo, por exemplo, não tinha lugar nessa vida de pedaços mal consturados em que tinha se tornado sua rotina.

O corpo se enchia de adiposidades, ficava redondo e começava a dar sinais de desgaste. A mente ia se desligando, devagar, as palavras falhando, o sentido das coisas se perdendo. Dissolvendo. 

A rotina era insana. Era um tal de começa, para. comeca, para. Recomeça e para novamente. Interrupções idiotas para um trabalho criativo. Um telefonema de propaganda. Um vídeo sem graça da rede social. Uma conversa banal sobre nada. Um parar para atender. Atender. Atender. Atender. 

Um mau gerir recursos de dar dó. Dinheiro sumindo pelo ralo. Energia se esvaindo pelos desvios. Paixão se dissolvendo no gelo. Tesão se exaurindo pela falta de fogo. 

Nada na frente. 

O nada se vestindo de gris. Nem mais luz era. Um escrito inteiro jorrado da alma que se perde. Um projeto sem conclusão. Um trabalho interrompido. Um amor que caí no valo da vida. 

Solve te coagula diriam os mestres de ontem. Transforma a quimera em um grande caldeirão de especiarias, chamas e magias. 

Traz de dentro os mistérios da transformação. Garimpa em pele, ossos e fluidos a chave da mudança. Faz o sangue ferver antes que a morte chegue e deixe o nada tomar conta de vez. 

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