O Beijo

Quando nasci era projeto de gente. 
Era sonho de casal. 
Era pedido de irmão.
Era união de óvulo e espermatozoide feito gente.
Devo ter chorado. 
Mas foi quando te conheci que realmente desci do útero.
Foi teu beijo que me fez andar.
Foi teu olhar que me despertou.
Foi teu amor que me fez melhor.

Abri os olhos e sentei na cama. 
Rápido como fazia toda manhã. 
E sentindo a mesma tontura que sentia e que revelava que já não tinha a mesma juventude de antes.
Abri os olhos.
 Tinha fome mas antes tinha que passar no banheiro. 
Mas antes ainda pensei em ti.
Acordo pensando em ti.
Décadas de desejo. 
Pela mesma pessoa.
O segredo? Sei lá. Deve ser dádiva da vida. 
Encontrar a pessoa certa para a gente.
Não a que pensa igual. 
Não a que traz só tranquilidade.
Mas aquela que encaixa. 
Aquela que traz para fora o melhor da gente.

Acordei apaixonada.
De novo e mais uma vez.

Lembrei do beijo da despedida. 
Não era o mais apaixonado. 
Mas era o mais companheiro. 
Dos beijos beijados na vida, era o da despedida o mais sincero.
Não tinha desejo, mas tinha.
Não tinha volúpia, mas tinha.
Não tinha entrega, mas tinha.

Acordei ligeira. 
Era dia do aniversário. 
O único em que não podia dispor de mim. 
Era dos outros meu dia. 
Pisquei com alegria para o espelho. 
Amanhã haverá  de ser novo dia.
 
Liberdade não é luxo que se usufrua todo dia.
Mas quando....

Sorri
Peguei meu casaco e saí.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

amantes eternos (divagações com a IA)

Dos meus pertences

Das podas necessárias