Elegante é não se cobrar tanto
Adolescer com quilinhos a mais me trouxe um ônus em termos de cobrança pessoal. Por minha própria natureza já sou uma pessoa crítica. Não estar dentro dos padrões (elevados) de beleza da minha família me fez amargar alguns momentos preciosos de vida.
E hoje, fazendo uma triagem fina das minhas fotos, vejo que esse amargor era totalmente sem motivos. Benza Deus, nunca fui uma guria feia. Também nunca passei de dez quilos a mais do ideal. Mas como eles me pesaram. Me faziam fugir de viver, de me mostrar, de me amar mais.
Passei por dietas doidas. E pela síndrome de ioiô. Foi quando arrumei a minha cabeça e assimilei que estar magra me dava mais prazer que comer muito. Ou comer o que me dava prazer. Enfim, foi quando cheguei ao difícil equilíbrio da relação custo beneficio de calorias ingeridas X me sentir bem, que consegui ajustar o peso. Agora desequilibrei essa relação porque comer está me dando mais prazer...mas essa é outra história, até porque ainda estou naquela relação dos dez a mais.
Passei pelos dez a menos também. Magérrima! Me diziam que estava feia com os ossos aparecendo. E eu me achando linda! Mas feliz? Nem tanto. Quando equilibrava o peso, começava a me cobrar por outras coisas. Era o gênio complicado, era a timidez excessiva, era o medo da vida. Era cobrança daqui, cobrança dali. Muita auto crítica para uma mulher só.
Cobrança pelo não fazer, cobrança pelo fazer. Pelo prazer, pelo ceder. Pelo não ceder. Cobrança é dar ouvido às vozes dos outros que moram em nós, ao invés da nossa voz. Ia ouvindo de meu pai a lição: não sinta culpa. Se não queria fazer, se fez errado, arrume. E siga em frente. E aí já vinha a cobrança de não pensar tão masculinamente e me deixar levar pela feminice de prestar tanta atenção no corpo, no efeito que passava aos outros, da visão dos outros em mim. Errado, mil vezes errado. E lá ia eu me cobrando de não pensar certo.
Tá, não era tão terrível assim. Nem sempre me desamei. Fiz muitas coisas boas e assumi. Mas a tal da auto crítica poderia ter sido bem menor. Teria sofrido menos.
E agora, quando ela vem e lá vou eu me achando com rugas, com cabelos brancos, com bracinhos mais gordinho que gostaria, olho as fotos daí de cima e me lembro do como me achava inadequada em cada um desses momentos....
Então se pudesse dar um conselho à adolescente, à mulheres mais jovens, diria: Lixe-se a cobrança. Ninguém é tão você quanto você mesma. Valorize esse tesouro. Ele é único. E belo.
PS: Estava justamente escrevendo sobre a auto cobrança para me enquadrar em padrões estéticos e vendo esse vídeo que mostra os tipos físicos ideias de cada época fica mais fácil de ver que sim, acabamos nos policiando para nos aproximar desses ideias de beleza. E se não os perseguimos, somos cobradas de alguma forma. Desleixada é o mínimo que ouvia quando passei anos sem ir na manicure....imagine quando não depilava as pernas antes disso ser moderno. Ser gordinha nos anos 60 ou ter muito busto nos anos 70 também era motivo de angústia....os padrões elevados das épocas acabam nos pesando. Seja para alcançá-los seja para contrariá-los.
E hoje, fazendo uma triagem fina das minhas fotos, vejo que esse amargor era totalmente sem motivos. Benza Deus, nunca fui uma guria feia. Também nunca passei de dez quilos a mais do ideal. Mas como eles me pesaram. Me faziam fugir de viver, de me mostrar, de me amar mais.
Passei por dietas doidas. E pela síndrome de ioiô. Foi quando arrumei a minha cabeça e assimilei que estar magra me dava mais prazer que comer muito. Ou comer o que me dava prazer. Enfim, foi quando cheguei ao difícil equilíbrio da relação custo beneficio de calorias ingeridas X me sentir bem, que consegui ajustar o peso. Agora desequilibrei essa relação porque comer está me dando mais prazer...mas essa é outra história, até porque ainda estou naquela relação dos dez a mais.
Passei pelos dez a menos também. Magérrima! Me diziam que estava feia com os ossos aparecendo. E eu me achando linda! Mas feliz? Nem tanto. Quando equilibrava o peso, começava a me cobrar por outras coisas. Era o gênio complicado, era a timidez excessiva, era o medo da vida. Era cobrança daqui, cobrança dali. Muita auto crítica para uma mulher só.
Cobrança pelo não fazer, cobrança pelo fazer. Pelo prazer, pelo ceder. Pelo não ceder. Cobrança é dar ouvido às vozes dos outros que moram em nós, ao invés da nossa voz. Ia ouvindo de meu pai a lição: não sinta culpa. Se não queria fazer, se fez errado, arrume. E siga em frente. E aí já vinha a cobrança de não pensar tão masculinamente e me deixar levar pela feminice de prestar tanta atenção no corpo, no efeito que passava aos outros, da visão dos outros em mim. Errado, mil vezes errado. E lá ia eu me cobrando de não pensar certo.
Tá, não era tão terrível assim. Nem sempre me desamei. Fiz muitas coisas boas e assumi. Mas a tal da auto crítica poderia ter sido bem menor. Teria sofrido menos.
E agora, quando ela vem e lá vou eu me achando com rugas, com cabelos brancos, com bracinhos mais gordinho que gostaria, olho as fotos daí de cima e me lembro do como me achava inadequada em cada um desses momentos....
Então se pudesse dar um conselho à adolescente, à mulheres mais jovens, diria: Lixe-se a cobrança. Ninguém é tão você quanto você mesma. Valorize esse tesouro. Ele é único. E belo.
PS: Estava justamente escrevendo sobre a auto cobrança para me enquadrar em padrões estéticos e vendo esse vídeo que mostra os tipos físicos ideias de cada época fica mais fácil de ver que sim, acabamos nos policiando para nos aproximar desses ideias de beleza. E se não os perseguimos, somos cobradas de alguma forma. Desleixada é o mínimo que ouvia quando passei anos sem ir na manicure....imagine quando não depilava as pernas antes disso ser moderno. Ser gordinha nos anos 60 ou ter muito busto nos anos 70 também era motivo de angústia....os padrões elevados das épocas acabam nos pesando. Seja para alcançá-los seja para contrariá-los.
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