Todos os caminhos convidam e eu mergulhei

Confesso a vocês que li algumas resenhas depois de ler de uma sentada só o primeiro romance de Cinthia Kriemler. Seu nome? Todos os abismos convidam para um mergulho.

Já venho acompanhando a obra da Cinthia desde que a redescobri naquela rede social que a gente reencontra amigos de outras eras. A Cinthia pré adolescente que eu conhecera não só crescera como se tornara escritora. Ora vivas! Para uma leitora voraz como eu nada mais instigante. E não é que era das boas! Seus poemas e contos me tomavam de assalto, tinham ritmo não só das palavras e frases bem construídas, mas faziam a minha mente de arquiteta viajar pelos espaços que ela criara. Quando soube do seu primeiro romance tive que mergulhar. Pela primeira vez.

Quando o livro chegou li em um dia e meio. E porque tive que parar para atender outras coisas. E já concordo com todas as resenhas que li: não é uma leitura cômoda. Mas é inebriante. 

No começo fui tomada pela sensação que a contadora de contos (perdoem a redundância) tinha seguido seu instinto e a história era um retalho deles. Muito bem escritos mas pedaços de realidades. Até que: segundo mergulho. Os mosaicos se encaixaram de vez, os caminhos bifurcados começaram a se encaixar e o romance surgiu. Pleno. Cru. Perfeito.
Beatriz, seus amores, suas dores. Tantas mulheres com rotas não iguais, mas quase ou semi quase. Tão humana em suas falhas ou não acertos, ou tentativas. Ou apenas humanidades que buscam um sentido.

Seus personagens são densos. Mesmo os coadjuvantes são atores principais. Deles sentimos suas almas, seus também descaminhos, seus mergulhos, seus anseios.


Terminei a leitura com um nó no estomago. Mas não fiquei pesada. Apenas e tão somente com aquele suspiro que acompanha a vida real, por mais trágica e intensa que nos seja. Torcendo para um final feliz da Beatriz mas...

SPOILER - não leia se não leu o livro. Mas se resolver ler mesmo assim, você é dos meus, não se importa com saber ou tentar saber as respostas antes porque se sabe capaz de descobertas pelo caminho que nem sempre são as mesmas de outros.

Mas e como último mergulho antes de fechar o livro, gostei que a Cinthia não tivesse optado pela resposta fácil de que no fim tudo se resolve. As vezes, muitas vezes, os caminhos nos levam à mergulhos bem complicados e o que resta afinal é reconhecer os convites. E mergulhar.

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