Ninguém disse que me fazer de forte me doeria tanto

Fazia tempo que uma noite não era tão comprida. Pensar, remoer, doer. 
Doía. 
A vida doía como bem lembrara sua amiga escritora. 
Em algum ponto do caminho derrapara na curva. Urgia encontrar o retorno. Se ainda havia algum. Às vezes achava que se fosse um pouco mais corajosa podia meter o pé no pedal e mergulhar no fim. Mas até para isso pensava nos outros primeiro. Não queria machucar ninguém. Que se machucasse sozinha. Ninguém mesmo se importava. 
Havia sim quem se importasse. Achava que havia. 
Suas dores que a carregasse sozinha que assim tinha sido escrito. Era seu carma. 
Essa coisa de carma é explicação besta para dizerem: fique com suas queixas e não venha nos amolar. Cada um carrega as suas e assim foi e sempre será. 
Queria ter estômago para aparentar mais fake happines. Aquele saudável egoísmo de expor uma vida esplendorosa nas fuças de todos para que a admirassem. Qual o quê. Tinha mais paciência para isso não. 
Tinha esgotado. 
Que contasse com seus ombros que eram frágeis mas eram fortes. Que acumulasse tensões que viraram bolas imensas que as mãos da massagem nem conseguissem dissolver.
Tinha que haver uma razão. As daqui não faziam mais sentido. Quem sabe alhures....

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