Era dia de qualquer hora e ela mesma, mulher de qualquer momento. Nem sabia mais que idade tinha ou qual era a motivação que fazia seus dias diferentes da mesmice de qualquer tempo. O tempo corria célere. Isso ela sabia. Ainda ontem era dia de brincar de roda. Vestida de baiana, balangandã na cabeça saia dançando como se o amanhã não existisse. Existia. Hoje vivia o amanhã. Seu corpo doía. Sua alma sentia uma solidão difícil de explicar. Era dela mesma que sentia falta. Era dia de qualquer momento e ela mesma, mulher de qualquer hora. Seu documento gritava uma dezena de anos que não lhe pesavam por os ter vivido. O peso vinha quando pensava que o tempo que restava era bem mais curto. Talvez, com sorte, a metade. E já sabia da ligeireza das horas. Vestida de banalidades, bebia água que nem era mais cristalina, e sabia a aromas de campo. Tinha gosto de alecrim. Cheiro de canela. Sorria. Ouvia Paralamas, quase um segredo e pensava sim. Expectava o que viria a seguir. Seria tempo de ...
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