Qual a minha IPSEIDADE?



Estava lendo uma crônica hoje. A do Carpinejar. Ele falava dele e do outro. O interno, o Fabrício. E das diferenças entre eles. Um forte e audaz. Outro tímido e sensível. 

Me peguei pensando em quantas vezes o olhar dos outros sobre mim me causa estranheza. Essa Elenara de fora, essa que tantos louvam como forte e guerreira, tão exemplar e altaneira. Essa me é tão desconhecida tantas e tantas vezes. 

Ah, se soubessem que atrás dela mora uma menina assustada e com medo das pessoas. Não confundam a que cria com a que se esconde. Tantas facetas me residem que nem sei direito qual delas na verdade sou eu. 

Aquela tão frágil a que me apego para ter, talvez a desculpa, para então me refugiar no meu mundo interno. Do qual, aliás, essa Elenara nunca teve vontade de sair.


Mas e as outras? As que vão em frente, apesar do medo. A que veste um salto alto e coloca um batom vermelho fingindo uma sedução que lhe é muito mais familiar de rosto limpo? A que é moleca e conta piada infame, fala palavrão e subverte? 


Quais das Elenaras que moram em mim e que mal se conhecem? Ou as que são velhas amigas, das que contam besteiras juntas e escondem as falhas das outras?


Uma Elenara mãe que acalenta e pega no colo a Elenara menina. A profissional que é pragmática e responsável e que repreende com veemência a Elenara baldosa, que procrastina e deixa prá lá. 

   
O Carpinejar tinha na crônica duas facetas. Dois lados seus.


Eu me divido em múltiplas. Deve ser minha lua em gêmeos. Sim! Tem a mística Elenara, que já leu cartas ciganas e estudou astrologia. E que os amigos chamavam de farra de Zora Elenara, lembrando a astróloga famosa.


Tem a que se apaixona e vira gueixa. A que chora e se acha bobona. Tem a que diz não sem pudor. Tem a que joga o pudor ao longe.


Tem a que brada bandeiras. Tem a que descrê.


Todas elas tem em comum um quê. isso até eu reconheço. Talvez a minha verdadeira IPSEIDADE seja enfim, a elegância de ser todas e com elas conviver em harmonia.Ou quase.

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