Brincante das palavras

Ando pelas ruas procurando um tal tema que me agrade e que faça as palavras saírem fáceis e faceiras. Todos parecem não fazer já muito sentido. Nada parece fazer muito sentido. 


Eu já não faço sentido.

Quando a vida perde seu foco de nos permitir a busca de nossas necessidades básicas, entre elas a felicidade. ( e já parei várias vezes de escrever para tapar buracos de carência de alguém que também largou mão de seu foco para cuidar dos outros). E isso me leva a refletir que a vida não só é uma troca e só vale a pena se assim fôr(mania de tirarem os acentos diferenciais, for é muito esquisito, prefiro o errar com circunflexo. No fundo tenho alma rococó) como também nos pede respostas ao nosso próprio foco interno. 

Não sei se muitos já conviveram com pessoas mais velhas, bem mais velhas, naquele período em que já estão mais lá que aqui, e mesmo as mais gentis e educadas, sempre se tornam mais imediatas. Querem o que querem JÁ. E o que querem? Atenção.

O que queremos nós? Atenção. Do mundo, de nós, da vida. De quem amamos.

Fazemos o que fazemos em busca de atenção. Quando somos mais jovens pode ser em forma de clicadas, de alcance de objetivos, de compras, de polpudos salários e/ou honorários. Quando o espelho nos sorri podemos nos dar ao luxo de sermos mais condescendentes com a vida. Mas quando este mesmo espelho se torna mais cruel é que o essencial em nós toma conta.

Limites. Os que nos colocam. Os que colocamos. Os que rompemos de alguma maneira na despedida quando o fazer os noves fora pode nos dar sorrisos ou lágrimas imensas. Valeu a pena? Vale a pena? Cada um de nós sabe a sua resposta. Creiam que rodopiar pela vida vale a carga para alguns. Rodopiar por dentro para outros. Brincar com as palavras me faz sentido. Nem importa se cabe nos meus sonhos, se faz mais alguém sorrir, se é fácil de ler, se o português está correto. O jorro saí, sem rumo, sem planejamento e dele me abasteço.

Quando nada mais parece fazer muito sentido. Quando me sinto despejada em um universo paralelo onde todos (quase todos) estão tão ou mais atônitos que eu as respostas parecem ter desaparecido. Estão algures. Não que tenham também perdido o sentido que verdade não as perde nunca. Perderam a rota. Se fecharam em caixas mágicas onde talvez nos exijam buscas tipo o Santo Graal, tipo Xangri-lá, tipo algum sonho que nos habita desde sempre.

No meio da vida. Na verdade mais para o meio de lá que o de origem. Mas convivendo demais com a decrepitude. Com os esquecimentos. Com as eternas repetições. Com o não fazer sentido. Meus amparos se erodindo. Como não enlouquecer para manter a sanidade?

Brincante das palavras. Brincante de algum resquício de esperança que possa ainda morar em mim. Na verdade já me fui. Resta apenas carimbar o passaporte.  

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