Lições de uma Olimpíada

Cada um tira suas lições de acontecimentos na vida. Das inúmeras histórias e imagens que vi dos jogos olímpicos Rio 2016, me ficam três lições:

Superação

São tantas histórias impactantes de pessoas que passaram por tantas dificuldades: atletas com lesões, sem pátria, enfrentando depressões e muitos problemas. E foram lá e fizeram o seu melhor. Uns ganharam medalhas, outros competiram. Todos são vencedores.

Pessoas que tiveram que mudar estados de espírito de derrota para enfrentar nova batalha. Algumas vezes em poucos minutos. Outros que foram traídos pelo seu emocional. Outros ainda que superaram antigas derrotas. Um dos segredos da vida sempre foi, e sempre será, a capacidade de ir em frente. Apesar de. De acreditar que é possível. E focar. Trabalho suor e talento juntos são uma das receitas do sucesso. 



Patrocínio

Não existem milagres nas conquistas. Especialmente em uma competição tão acirrada como uma Olimpíada. Se o talento, garra e suor do atleta são imprescindíveis, o apoio financeiro, logístico, psicológico é fundamental. Não importa se é estatal, da iniciativa privada, se é das Forças Armadas ou universidades. Um atleta é uma promessa até que seja treinado. Uma medalhista de Ouro poderia ter se perdido em uma comunidade carente, se ali não existisse uma oportunidade em forma de instituto, escolinha, ginásios.

Uma Daiane dos Santos, que foi descoberta por acaso, poderia ser uma Nádia Comaneci se houvesse um aparato para torna-la campeã. E isso não tem ideologia. Tem trabalho de base. É na infra estrutura de esporte, nos equipamentos, nos locais para treinar. E depois de detectado o atleta, ele precisa de apoio financeiro para se dedicar integralmente ao esporte.

Lembro que umas décadas atrás li, com espanto, que grande parte dos nossos atletas olímpicos tinham problemas nos dentes (!). Se quisermos saborear medalhas, a preparação começa hoje. Ontem. E visando jogos duas décadas na frente. Portanto em vez de brigar por quem patrocinou quem até agora, vamos apoiar as lutas por mais patrocínios, institutos e escolinhas de formação de atletas.      

Respeito

Competir, não brigar. 

Vi duas cenas diferentes e altamente representativas. 

Uma nadadora que perde uma medalha ganha (a de bronze) por tentar vencer a qualquer custo. Foi desclassificada. 

Outros dois atletas que fizeram um dos jogos de tênis mais eletrizantes que já vi, onde a vitória se deu por detalhe. 

O abraço que trocaram ao final do jogo simbolizava o respeito pelo rival do momento. E o reconhecimento do valor da competição: uma superação de limites e um embate justo. 

Que vença o melhor. Nem sempre. Mas a verdadeira superação é quando todos saem vencedores. Superaram seus limites e deram o melhor de si.    
   

PS: O julgamento

Vivemos em uma época onde a memória do que fizemos e fazemos se perpetuará para sempre. Aumenta nossa responsabilidade pelos nossos atos. Coloca uma carga imensa sobre quem talvez não tenha refletido muito bem sobre isso. Alguns atletas estão sendo julgados pelo que fizeram antes e durante as Olimpíadas.  

Um de nossos atletas fez uma "brincadeira". #SQN. Ele e os colegas cometeram um crime. Cultura nossa fazer piada de tudo e julgar que os ofendidos devam se calar? Sempre foi assim, né. Quero crer que ele aprendeu uma lição e se superou até em função disso. O "humor" não pode ser desculpa para uma ação que ofenda. E isso não é ser politicamente correto, é ser humano.  

(Nessa história o que mais me incomoda no final é saber se o menino ofendido está fora da competição por critérios técnicos ou se foi uma "punição"....não tenho dados para tecer uma opinião criteriosa a respeito, mas a dúvida me cutuca.) 

Também não gostei de um apelido de um de nossos atletas, o Bolo Cru. Achei bullying total. Pode ser que ele não, não sei. Mas na vida, infelizmente, nem sempre os caminhos são rosas. Os espinhos tem que ser administrados.

Uma atleta americana tem sido muito criticada nas redes sociais por não ter colocado a mão no peito na hora do hino....

E por aí vai a lista de julgamentos e verdades absolutas com que nos revestimos na hora da crítica. Não invalida os atos, certos ou errados, conforme nosso ponto de vista e a liberdade de opinião será sempre um valor a ser resguardado.

Mas a tolerância também. Cometemos erros. Todos. O que nos difere é o que fazemos com eles. 


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