A verdade é urgente. E nada elegante

Quando uma foto fala por si. Conta história. A sua história.

Não importa se ela é real hoje, se já foi um dia. Ela entra no seu olhar, se instala por dentro do seu corpo. Te magnetiza e parece gritar para que voltes. Voltes a derramar a tua presença em algum tempo em que foste gente.

Ser gente. O que é isso mesmo? 

Tão esquecido em ser alguém outro. Alguém que corre. Alguém que faz. Alguém que noves fora se perdeu de si mesmo.

Perder de si. Tanto tempo a fazer pelos outros, tanto tempo a abdicar de gostos, vontades e desejos para ouvir, atender, dedicar. O resultado: uma certa falta de brilho no olhar. Uma quietude que não é harmonia. Uma mansidão que não é de alegria. Uma sensação de tanto fez como tanto faz. Afinal a vida é breve e meio sem sentido. 

Um dos primeiros sintomas dessa falta de sintonia com a vida é a falta de criatividade. Ou por outra: a criatividade existe, ela borbulha, fala ao ouvido. Falta é o tesão de colocar em prática. Aquelas ideias que invadem a mente, textos magníficos escritos na cabeça enquanto se caminha, se transformam em nada na frente de uma folha, de uma tela. Parece que perdem o sentido. Resultado: nada a dizer. 

Como assim, nada a dizer? Tudo a dizer. Essa lágrima que teima em cair te diz isso toda vez que fica só. Esse cansaço permanente, essa dor no peito. Tudo grita. Só a voz silencia. 

Talvez a foto que te chama queira dizer que exatamente isso: volta. Vem ser aquele eu que era pura verdade. Vem ser de novo aquela pessoa que sentia, que vibrava. Que ia atrás do queria. Que vivia. 

A gente bem que tenta passar adiante. Posta a foto de bom humor, de mensagem pra frente na rede social. Pura balela. 

Aquela foto que te magnetiza continua a te chamar. A verdade não é simpática nem elegante. Ela te esbarra. Te chama. Se passas em frente, ela volta e dá um encontrão. A verdade é urgente.

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