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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Minhas tradições de Ano Novo

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Na minha casa não lembro de grandes ceias de Ano Novo. Não tenho as recordações de infância como tenho as do Natal. Mas guardo algumas. Em especial uma que nunca podia faltar. A lentilha! Simbolo de prosperidade, talvez porque os grãos lembrem nossa relação atávica com a agricultura e tudo o que nos possibilitou formar uma sociedade gregária, a separação das lentilhas se revestia de um ritual de solenidade. Era como se fosse uma depuração do que era ruim, que não prestava para a colheita e ia fora. Assim como fazemos com o que nos aconteceu, com as mágoas, os sentimentos menos gostosos e aproveitáveis. Feita a separação, alguns dos grãos bons eram separados para as pessoas queridas e meticulosamente embrulhados em papel alumínio. As trouxinhas eram dadas ( e aguardadas!) com carinho. Iam para as carteiras, para garantir que sempre estivessem cheias. Ainda hoje os encontro ao remexer nos fundos delas. E acho que funcionavam porque sempre aparecia alguma verba extra quando se precis

Reciclando-me - palavra de 2015

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Luz no fim do túnel  "Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio ‘apesar de’ que nos empurra para a frente. Foi o ‘apesar de’ que me deu uma angústia que insatisfeita, foi a criadora de minha própria vida" (Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres) Sempre há uma saída, uma porta inesperada que se abre quando menos esperamos, ou quando o nosso olhar se detém sobre novas possibilidades. E meio sem querer, ou pelos sortilégios do destino que a teia da vida se encarrega de tecer, encontro minha palavra de 2015. Reciclando-me.  Andei pensando e sentindo muito a necessidade de me reencontrar. Voltar a ter contato com a minha essência que ficou escondida debaixo da necessidade de outros. Enfim, épocas de esquecer de mim. Teve um preço alto. Tudo bem, faz parte da vida e do amor compartilhado. Mas agora urge um novo reencontro. Por i

Sendo eu e acabando mais um ano

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Eu não sou sempre feliz.  Eu não sou sempre maravilhosamente bem resolvida.  Eu não faço viagens maravilhosas e a minha vida não é perfeita.  Eu gosto da minha vida.  Eu tenho momentos incríveis.  Eu amo pessoas maravilhosas.  Nem sempre sou reconhecida nas coisas que faço com muito esmero.  As vezes acerto. As vezes erro.  As vezes me sinto com 30 anos, outros com 100.  Noves fora, me gosto.  Ainda estou em busca das minhas verdades.  Esta busca me fascina. O dia que desistir dela, me acabo.  Não esperem de mim perfeição. Não gosto de gente perfeita.  Gosto de gente que erra, gosto de gente que se ferra.  Gosto de gente que se joga.  Gosto de gente que se rebela.  E se revela.  Mais um ano que se vai. Ano marcante. Ano que não queria ter vivido. Ano que não vai ser esquecido.  Enfim, cada vez mais eu e menos outra. Também não sei se é bom ou ruim. Só sei que é verdadeiro. 

Aprendizado - momentos que valem a pena guardar

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Lembram daquela postagem que viralizou no começo de 2014 sugerindo que a gente pegasse uma lata/pote/cofre e guardasse frases sobre momentos significativos do ano?  Como muitos de vocês comecei a fazer. Como a maioria também não fui adiante. Tudo bem, meu ano não foi particularmente feliz, mas entre os momentos significativos que guardei, mal sabia que estava vivendo o que seria o dia mais feliz de muitos e que guardarei sempre no meu coração.  Interessante observar que muitos momentos que guardei são singelos.  Ler um bom livro.  Uma boa fruta que me fez sentir no paraíso.  Conhecer ao vivo um amigo virtual.  Acordar feliz.  Ter coragem para falar algo para uma pessoa amada.  Mais interessante é ver que muitas vezes não valorizo esses momentos. Eles passam desapercebidos.  Mesmo os que vão se tornar tão significativos meses depois.  Trazer meu pai para casa realmente não tinha preco. Foi a última vez que fiz isso.  Aprendi muito com essa brincadeira.  A vida se faz de momentos. Valori

Hora de ser artista

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Tem vezes na vida que só sendo artista para levar adiante sem desmoronar. Fim de ano tem essa característica para mim. Longe está o tempo em que eu curtia Natal. Essas coisas de árvores, enfeites, presentes. Gostava de fazer tudo direitinho, pensar na pessoa, bolar presentes criativos ou que pelo menos tivessem a ver com a pessoa. Até pode ser que eu não acertasse 100% dos casos. Mas a preparação, o cartão, o envolvimento me faziam feliz. Fui deixando de lado. Natal, em algum momento, deixou de ser alegria para ser tensão. Crucial descobrir como é esse processo. Afinal, é quando a gente descurte algo que vem o cansaço e por fim a indiferença. E o oposto do prazer não é nada mais nada menos que a brochura.  Por isso há que ser artista nessas horas. Não para representar uma cara de felicidade que inexiste. Não este tipo de atuação. Artista para se reinventar. Para descobrir onde a alegria. Onde o tesão. Onde a chama. Já desencanei dessa coisa de estresse de fim de ano. Sei q

Mulher bem resolvida - que diabos é isso?

Existe alguém bem resolvido? Seja homem ou seja mulher? Sem dúvida deve existir, até porque os critérios da "Bem Resolvimento " são muito pessoais. E datados. O que hoje é considerado assim, pode não ser amanhã. Sabe-se lá, o mundo é cíclico e as verdades ondulam de acordo com as conveniências. Sociais e/ou pessoais. Então porque a pergunta? Porque parece que o mundo moderno exige que todos sejamos uma imagem perfeita da divindade. Em todos os sentidos. E a palavra mágica para definir isso é: sou bem resolvido/a. Serve para tudo: fui chutada por alguém/algo? Sou bem resolvida e me viro. Dei um fora e magoei alguém? Sou bem resolvida e passo por cima. E por aí vai. Como todo mundo tenho meus critérios pessoais. Bem resolvida é estar em harmonia entre desejo e ação. Parece simples assim escrito. Não é não! Tem desejo que é safado, a gente tenta administrar, ele escapa de jeito e fica ali, feito gatinho exigente. Ao menor descuido levanta e mia alto. Daí a gente, após mui

Apaixonados são poetas -

Aos quarenta era uma apaixonada que fazia poesias. E pensando bem, acho que quase todo apaixonado/a no fundo é um poeta. Bons ou maus, não importa. O que vale é sentir as dores/amores da paixão que se faz premente e urgente. POA, 01 de junho de 2000-06-01. Manhã fria, após uma prova de Tópicos especiais de Filosofia da Educação. Pouco importa a razão. Pouco importa a solidão. Pouco importa os motivos da separação. A energia se impõe. Emerge soberana e gaiata. Exige satisfação. Imediata. Não quer saber de educação. Não se importa com senões. Não está nem aí para associações. A energia quer ebulições. Quer se transformar em vulcões, Em muitas erupções. Simultâneas. Enormes. Majestosas. A energia quer a gargalhada mais pura. A mais obscena e sagra. Aquela que se gera em dois corações Duas concepções Duas imensas atrações. A energia quer fusões. E que se fodam as limitações.

Trabalhar o silêncio

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  De uma segunda feira de muitos anos atrás  Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2000 Hoje é uma segunda feira meia diferente. Não sei explicar porquê.  Não que me sinta mal, pelo contrário, me sinto inteira e calma. Mas... Tenho dentro de mim uma inquietação, como se o fato de trabalhar o silêncio me trouxesse uma maior consciência das faltas que sente o meu coração.  Acabei de ler um livro que fala sobre as sete leis universais do sucesso. A primeira delas é a da potencialidade que pede que trabalhemos com o silêncio interno. E é interessante porque sem os ruídos que vem de fora, e que acabam afetando a sanidade sem que percebamos direito, a cabeça torna-se mais clara e mais ágil. E é mais difícil se arrumar desculpas para as feridas porque elas teimam em aparecer . Mas aparecem também de uma forma verdadeira, porque trazem junto de si a necessidade de remédios urgentes e próprios. Parece que o corpo, sendo sábio, se não for atrapalhado acaba encontrando as

Felicidade

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Da ausência

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Socorro! Meu armário encolheu!

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E o pior .... Com ele encolheram todas as roupas charmosas que estavam lá dentro! Que grande sacanagem!  Brincadeira...o corpo da mulher reage de maneira elástica à menopausa. Para isso deve contribuir a mudança de metabolismo. E uma realidade: os prazeres da mesa se tornam mais prementes. Talvez a relação custo benefício de fechar a boca, tão valiosa em outras eras já não o seja agora, sei lá. E isso me leva a analisar a razão. Vejam a moda e como ela se comporta em tempos de estresse externo. Vejam a França pós revolução francesa: as mulheres andavam em trajes diáfanos, praticamente desnudas em comparação com as roupas imensas de Maria Antonieta. Isso não é apenas uma retração do esbanjamento, mas uma intensa revolução dos costumes na época. Quem tinha a possibilidade concreta de ter sua garganta guilhotinada amanhã, não ia lá se preocupar com moralidades externas ou deixar os prazeres de hoje ao sabor dos acontecimentos. Não! Urgências na vida nos fazem ficar mais hedo

Minha culpa, minha máxima culpa

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Culpa! Eta sentimento mesquinho e irritante que me pega de cheio.  Confesso. Não sei lidar com elegância com ele. Quando menos espero ele apaga minha luz, empana o meu brilho, me faz diminuir de tamanho e me sentir um inseto. Tudo bem, já li dezenas de livros, inclusive os de auto ajuda. Já fiz terapia. Me conheço. Mas entre a teoria e a prática, a culpa me vence. De goleada. Talvez ajude conversar a respeito. Deixar que a conversa de dentro se torne leitura de fora.  Tentar enxergar com olhos de outra pessoa e me dar os conselhos de praxe: se tu não teve intenção, não tem porque ter culpa.  Sim, sim, eu faço isso. Mas e a sensação de ser inseto? O que faço com ela? E a minha luz, quem acende de novo, em pouco tempo?  Talvez se eu tomasse um santo Rivotril ou similar, a culpa me deixasse de lado. Mas a causa que a gerou, e essa eu conheço bem, continuaria ali. Tenho culpa quando digo não. Tenho não. Sinto culpa. Sinto culpa quando me imponho. Sinto culpa quando imagino magoar alguém. 

Saudades

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Capacidade de enfrentar algo nos momentos difíceis - Domino

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  Alguém já me disse que a gente conhece a própria força quando é defrontado com os momentos difíceis da vida.  Mais ainda quando esses momentos se sucedem em um ritmo maior que a nossa capacidade de renovação.   Eu sempre soube que tinha essa capacidade de enfrentar algo nos momentos difíceis, de urgência, de extrema necessidade. A primeira vez que senti isso foi quando era muito pequena. Era um novembro frio, desses do Rio Grande do Sul. Toda a família na praia, comemorando o aniversário de casamento de meus pais. Uma areia fina na praia, todos se foram para casa, preparar o almoço. Fiquei eu, meu pai, meu tio. Eles apostaram corrida, corpo aquecido entraram no mar gelado. Meu tio saiu logo. Meu pai não. Não me lembro bem do mar, mas me lembro dele deitado na areia. Depois levantando e indo para casa. Me pediu que o guiasse. Falava com voz arrastada, seus pés sangravam do arrastar nos paralelepípedos. E eu o guiava, aquele homem de 40 anos, eu com quatro ou cinco, pela mão.